Vamos separar os fatos. Dos 11 jogos da Macaca no Campeonato Paulista, em apenas dois o time convenceu. Ou teve lances convincentes: diante do Santos e no dérbi 199.
No restante, o que restou foram atuações ruins, ausência de padrão de jogo, posicionamento errático e derrotas doidas e inesperadas, como diante da Internacional de Limeira , Mirassol e Ituano.
Em conjuntura normal, Fábio Moreno seria vitima dessa onda infame que assola o futebol brasileiro e que considera a demissão como solução, jamais a adoção de processos continuos.
No entanto, os mesmos defensores da guilhotina se calam quando a mesma Ponte Preta teve quatro treinadores na temporada em 2020 (Gilson Kleina, João Brigatti, Marcelo Oliveira e Fábio Moreno) e colheu resultados decepcionantes. A velha desculpa da “cultura do futebol” não cola. Se isso fosse válido em todas as áreas da vida, um motorista imprudente, que bate o carro todos os dias, não teria que se reciclar.
Balela. E o torcedor também é equivocado ao abraçar esta tese bisonha.
A cegueira é tamanha que muitos esquecem que treinador é um participante de um sistema complexo para colocar de pé um time de futebol. Treina, escala, define diretrizes e é responsável por melhorar os jogadores. Treinamento não é apenas para buscar vitórias e conquistar campeonatos. Não é aplicar a fórmula e pronto. Ministrar treinamentos táticos, cobrar melhoria dos fundamentos, conversar sobre falhas detectadas na jornada anterior, buscar evolução dentro do gramado são atributos de responsabilidade do treinador e da Comissão Técnica. E que no final beneficiam o jogador e sua evolução.
O foco principal: será que algum louco considera que Moisés melhorou do dia para noite graças a obra do divino? Obra do divino? Não teve interferência e participação de Fábio Moreno no processo?
O técnico não pegou no seu pé para melhorar o dinamismo, o arremate, os deslocamentos e a leitura de jogo? Relembre o que era Moisés na sua chegada e como está no atual estágio? Tem certeza que você ainda considera Fábio Moreno um personagem inútil neste contexto? Que Moisés só calçava a chuteira no CT, corria de modo desordenado e no jogo, o espirito divino intercedia e tudo acontecia em um passe de mágica? Você acredita mesmo nesta tese?
Futebol é processo. Complexo. Interligado. Nada mais é empírico. Tudo é fruto de trabalho coletivo. Até quando boa parte dos tópicos não anda bem. Deixar de creditar a evolução de Moisés ao enfoque e ao trabalho de Fábio Moreno é uma injustiça tremenda. E não colabora em nada para a compreensão do que é um trabalho decente no futebol.
(Elias Aredes Junior)