Afirmar com convicção que o problema da Ponte Preta resume-se ao treinador é um conceito raso.
Não sou eu que digo. São os números divulgados pelo balanço financeiro e comparados com os levantamentos de Juventude e Cuiabá, que gastaram menos do que a Alvinegra e obtiveram o acesso à primeira divisão.
Os números contidos na reportagem deste portal demonstram que a Macaca gasta muito e mal.
Por incrível que pareça, Fábio Moreno tem mais culpa por esse processo do que como treinador.
Em 2020, ele passou boa parte do tempo como coordenador técnico e avalizou as contratações junto com o então executivo de futebol Gustavo Bueno.
Se o montante produzido pela Receita Operacional não foi bem aproveitado, a responsabilidade é da diretoria executiva e dos responsáveis pelo futebol profissional da época. Treinador, neste caso, é apenas um executor daquilo que é oferecido pelo dirigente.
Sem conhecer os números de 2021, não é difícil apostar que os erros permaneçam. Se o torcedor da Macaca encontra-se insatisfeita com os rumos da equipe, nunca podemos esquecer que o atual planejamento foi feito por Sebastião Arcanjo e auxiliado por Alex Brasil que depois saiu para a chegada de Alarcon Pacheco, responsável por trazer Niltinho.
Coloque neste bolo, a ausência de um diretor de futebol estatutário, a ausência de um coordenador de futebol para o lugar do próprio Fábio Moreno e um orçamento marcado pela escassez para chegarmos a conclusão de que o problema da Ponte Preta é muito mais profundo que treinador ruim.
Fábio Moreno decepciona? Sim, lógico. Gestão decepcionante. Time que não engrena, não empolga e limitado.
Trocar de treinador, no entanto, é apenas a garantia de que no futuro um novo técnico será cobrado apupado e existirá pedido por uma nova troca enquanto que as questões estruturais são insistentemente ignoradas. Um dia muda.
(Elias Aredes Junior)