O Brinco de Ouro completa 70 anos. Inaugurado no dia 31 de maio de 1953, o local foi palco de instantes decisivos do futebol do interior do estado de São Paulo. A trajetória, o ritmo da construção, os dirigentes abnegados…Uma fila de nomes já foi citada por veículos de comunicação nos últimos dias.
Também poderíamos enumerar jogos que foram um marco para a história do clube. A vitória de 5 a 0 sobre o Santos na década de 1960, o dois gols derradeiros da carreira de Pelé, a conquista do título de 1978, o levantamento da taça de Prata em 1981, o vice-campeonato brasileiro de 1986, o segundo lugar no Paulistão de 1988, as tardes com Amoroso no Brasileirão de 1994, os gols de Ailton em 1996, as arrancadas de Robson Ponte em 1998. Não faltam motivos para celebrarmos os heróis deste palco sagrado.
Não devemos esconder os dissabores. Rebaixamentos foram vividos no gramado do Brinco de Ouro, especialmente em 2001, quando o time caiu para a Série A-2 sob o comando de Carlos Alberto Silva. Inacreditável até os dias atuais.
Só que desejo relembrar o impossível, o diferenciado, aquilo que ninguém esperava. Ou saga que eternizou heróis improváveis.
O primeiro ocorreu no dia 13 de maio de 1991. O Guarani montou um dos times mais limitados de sua história. Compensou com luta, fibra e uma obediência cega ao técnico Pepe. Decidiu o acesso contra o Coritiba. No Brinco de Ouro. Após 120 minutos e um empate por 1 a 1, veio a decisão por pênaltis. Que consagrou Marcos Garça, autor de defesas memoráveis.
O segundo momento não é uma partida. É um processo. Falo da Série B de 2011. Seis meses de salários atrasados, infraestrutura paupérrima, presença constante na zona do rebaixamento e uma condenação que parecia inevitável. Pois juntamente com jogadores como Denilson, Fabinho e Fernandão, o técnico Giba viabilizou uma arrancada e a manutenção heroica.
No ano seguinte, no dia 29 de abril, talvez a partida que nenhum bugrino não esquece: a vitória por 3 a 1 sobre a Ponte Preta, os dois gols de Medina e a classificação à decisão contra o Santos. Tudo com o dedo de Vadão, eternizado com a alcunha de “Senhor Dérbi”.
Quatro anos depois, o Brinco de Ouro foi palco dos 6 a 0 sobre o ABC, válido pela semifinal da Série C do Campeonato Brasileiro. A partida presenciou uma das melhores atuações de Fumagalli na carreira. Foi a representação de uma virada na vida do Guarani. Que ainda está muito longe do ideal. Mas antes era bem pior.
No meio desta comemoração existe algo para ser lamentado. Este patrimônio vai morrer. Um dia, ele será derrubado para dar lugar a um grande conjunto residencial e comercial. Um acordo feito com o empresário Roberto Graziano para salvar uma nação. Para evitar o seu desaparecimento.
Triste. Desalentador. Mas o Brinco de Ouro está fincado para sempre nos corações de torcedores que amam e seguem o Guarani. Feliz aniversário estádio Brinco de Ouro!
(Elias Aredes Junior foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)