O olhar correto e apaixonado do torcedor: a Ponte Preta está acima de tudo. Até do futebol

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durante o jogo entre Ponte Preta/Campinas x Corinthians/SP, realizado esta tarde no Estádio Moises Lucarelli, jogo de ida valido pelas finais do Campeonato Paulista 2017. Juiz: Raphael Claus - Campinas/Sao Paulo/Brasil - 30/04/2017. Foto: © Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Impossível pedir em menos de uma semana a cicatrização de uma derrota dolorida. Inevitável chorar, decepcionar-se e lamentar a desvantagem por três gols na disputa do Campeonato Paulista. O torcedor pontepretano encarava o dia 07 de maio como uma chance de redenção. Olha agora para data com melancolia. Mas acredita, coloca fé nos jogadores e aposta no imponderável do futebol para ficar com a sonhada taça. Existem inúmeros exemplos de superação e inversão de expectativas. Não é hora de jogar a toalha.

Interessante é a reafirmação de um sentimento nobre, bonito e determinante na existência de qualquer clube, o amor incondicional. Nestes dias de sombras, o torcedor comprovou por A mais B que as dores surgidas no gramado do Moisés Lucarelli são insuficientes para lhe tirar um conceito imutável: A Ponte Preta está acima de tudo. Até do futebol.

Derrotas circunstanciais e doloridas são incapazes de apagar o orgulho, a força e o amor pela camisa pontepretana. Sentimento que faz torcedores abandonarem tudo para sentar nas arquibancadas aos domingos e quartas feiras na busca de uma satisfação aparentemente fugaz no registro frio das estatísticas, mas perene no coração.

A Ponte Preta mobiliza tamanha força popular que um ou dois dias de luto foram suficientes para retomar o orgulho de vestir a camisa nas ruas da cidade e voltar a cobrar dos jogadores e do técnico Gilson Kleina um acerto de contas com a história. Ou seja, um time determinado, raçudo, que morra em campo em busca de uma vitória na Arena Itaquera. Nem que ela seja insuficiente para a conquista do título. Ou que prejudique os planos da Alvinegra na Copa Sul-Americana, cuja decisão acontecerá na terça-feira.

Ninguém é hipócrita de ignorar o sonho e o desejo de levantar um titulo relevante. Mas o que é um título diante do sorriso de uma criança com a camisa no peito? O que representa uma taça na galeria de troféus perante o orgulho de ser a única representante do interior paulista na divisão de elite? Qual o tamanho de um posto mais alto do pódium ao confrontar-se com uma arquibancada diversa? Homens, mulheres, negros, crianças, índios…Um mosaico do Brasil. Um retrato autêntico de brasilidade.

Se a reviravolta for consumada, Campinas verá um carnaval nunca visto em sua história. Caso o Corinthians dê a volta olímpica, fica a certeza de que esperança, a mobilização, o amor e a paixão estarão de volta e cada vez mais forte para a camisa branca ou preta com faixa transversal atravessar qualquer estádio do país. Isto está acima de tudo. Inclusive do futebol. Quem é pontepretano sabe e vive isso. É o que importa. O resto? Deixe nas mãos dos incrédulos, céticos e daqueles que desconhecem o verdadeiro sentido de uma paixão.

(análise feita por Elias Aredes Junior)