Para a diretoria de futebol, a Ponte Preta está condenada a jogar eternamente no contra-ataque. A escolha é correta?

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Enquanto a torcida da Ponte Preta pede (com razão!) contratação de um atacante de referência, alguns fatos passam despercebidos. Exemplo disso é a entrevista coletiva concedida pelo executivo de futebol, Gustavo Bueno logo após o empate sem gols contra o Avaí, em Florianópolis.

Como é de praxe, o dirigente defendeu a campanha no Campeonato Brasileiro, enumerou dificuldades e assegurou a contratação de reforços. Uma frase foi emblemática e traduz boa parte dos motivos de contrariedade do torcedor pontepretano: “A Ponte Preta não vai propor jogo no Campeonato Brasileiro. Seremos um time para jogar no contra-ataque”.

Vamos dar o devido desconto de que a declaração foi dada no calor de um resultado que não foi do agrado do torcedor e iria gerar chiadeira nas redes sociais e no mundo real. As palavras ditas, entretanto, revelam fatores que devem ser levados em conta.

O primeiro diz respeito ao trabalho da comissão técnica. Descrevemos neste Só Dérbi a angustia em relação a falta de um modelo de jogo alternativo na Ponte Preta.

Uma maneira que a Macaca pudesse amassar o adversário no setor ofensivo. Não podemos exigir tal postura contra os 11 gigantes, mas não é delírio exigir tal comportamento no Majestoso contra Avaí, Atlético-GO, Chapecoense, Vitória, Bahia, entre outros.

Com a declaração, Gustavo Bueno deixa claro: jogar na defesa e no contra-ataque não é uma política de jogo da comissão técnica e sim do departamento de futebol e da diretoria executiva. Não aparecer na imprensa é uma estratégia para não ser cobrado por uma torcida que claramente não aguenta mais a retranca como cláusula pétrea.

Tal filosofia de jogo revela outra faceta: ambição escassa. As equipes de médio e pequeno porte que fizeram história no Brasil se notabilizaram por postura ofensiva quando existia necessidade. Sim, jogavam no contra-ataque mas sabiam tomar iniciativa e exibiam movimentação.

A frase do executivo pontepretano Gustavo Bueno demonstrou por A mais B que a prioridade é garantir o feijão com arroz. Uma vitória aqui e acolá, empate contra um gigante de vez em quando e permanência garantida. Libertadores? Ficar entre os oito primeiros? Ganhar o Campeonato Paulista? Só se for com ajuda do destino. Nada de utilizar a criatividade para que uma hora a classificação aconteça.

Interessante constatar na história recente da Ponte Preta que um dos únicos técnicos que jogavam com proposição de jogo e variações era Guto Ferreira e que em longo prazo não estabeleceu bom relacionamento com staff pontepretano.

Em resumo: os vencedores são reconhecidos por sua ousadia, criatividade e determinação. A Ponte Preta quer seguir outro caminho. E acha que vai dar certo. Tomara que a lógica não prevaleça.

(análise feita por Elias Aredes Junior)