Em determinada ocasião, após um treinamento no Estádio Brinco de Ouro, eu conversava com o técnico Oswaldo Alvarez, o Vadão sobre o relacionamento entre jogadores, treinadores e dirigentes. Em um bate papo informal, lhe perguntei sobre a conduta de alguns dirigentes com jogadores. Sua descrição foi esmerada e perfeita sobre a bronca que alguns destinavam aos boleiros e como o clima ficava pesado durante a atividade.
Ao inquiri-lo sobre o comportamento do ex-presidente do Guarani, Beto Zini, Vadão deu uma resposta elucidativa. “Mesmo nos piores momentos, o Beto Zini nunca aparecia no vestiário para dar bronca ou desqualificar alguém. Sua meta era dar uma palavra de incentivo, um gesto de carinho aos atletas”, afirmou. Coincidência ou não, Zini foi um dos dirigentes mais queridos pela boleirada, fosse a fase boa ou ruim.
Da sua escola faziam gente do naipe de Juvenal Juvêncio no São Paulo e Francisco Horta no Fluminense, que não titubeava de chamar seus jogadores de “meus craques”. A proximidade não impedia a cobrança e a exigência de profissionalismo. Algo difícil de exercer? Sim. Mas os diferenciados conseguem.
Dou essa introdução para tentar entender o motivo que leva o presidente do Guarani, Horley Senna a trancar os jogadores do Guarani no vestiário na reapresentação de terça-feira, criticar tudo e todos e exigir a classificação para a próxima fase. Medida totalmente fora do prumo e sem sentido até por tudo aquilo que aconteceu desde janeiro.
O time está inseguro. Fato. A bola queima nos pés, os garotos não exercem o seu talento e as constantes mudanças de Pintado na escalação proporcionaram uma instabilidade poucas vezes vistas no Estádio Brinco de Ouro. Ninguém tem segurança se está em boa fase. Ninguém tem convicção do seu talento.
Ou seja, neste estado de turbulência, o que você espera? Que exista carinho, respeito e apoio para um grupo com grande responsabilidade. Senna fez tudo ao contrário.
O torcedor que ler esta crônica pode até considerar coerente a atitude de Horley Senna. Afinal, vivemos um período em que é bonito e prazeroso utilizar táticas de opressão para buscar resultados na gestão.
Uma pena perceber que, no caso da atual diretoria bugrina a sensibilidade esteja guardada em algum canto do armário.
análise feita por Elias Aredes Junior- Foto Arquivo )