Observo nos últimos dias as discussões e debates de torcedores pontepretanos a respeito da queda de produção na Série B do Campeonato Brasileiro. Alguns culpam o técnico Marcelo Oliveira, outros citam Gustavo Bueno e sobra até para alguns jogadores. Um detalhe chama atenção: a defesa enfática, apaixonada e fanática que alguns fazem do presidente de Honra, Sérgio Carnielli e do seu entorno. É como se fosse um clube dentro de outro clube, o Carnielli Futebol Clube.
Sim, é isso que você pensou. Eles não torcem para a Ponte Preta e sim para o ex-dirigente. Enumeram seus feitos, reforçam o pagamento de dívida de sua parte e a ênfase de que sem ele, a Macaca não sobrevive. Perseguem e encurralam nas redes sociais quem ousa criticá-lo. De repente, por um instante, fico na expectativa de aparecer uma camisa oficial e o hino desta nova agremiação.
A postura destes torcedores é um desrespeito com aqueles que já passaram pela Ponte Preta. Lauro Moraes e Edson Aggio foram condutores de times memoráveis nas décadas de 1970 e 1980. Pedro Antonio Chaib foi o diretor de futebol em 1969 e foi campeão e de timaços pontepretanos. O que justifica esquecer essas personalidades? Até aqueles que fracassaram não merecem o massacre. Deram seu tempo e suor para construir a história de um clube pertencente a uma torcida.
Louco é pensar que tal idolatria direcionada a Carnielli apaga algo óbvio: ele não fez nada sozinho. Especialmente no futebol. Teve auxiliares como Marco Antonio Eberlin; depois Márcio Della Volpe, Marcus Vinicius, Ocimar Bolicenho, Dicá…Carnielli está longe de ser o exército de um homem só.
Temos inúmeras criticas a gestão de José Armando Abdalla Junior. No entanto, um mérito deve ser destacado: apesar do pouco tempo ele provou que a Ponte Preta podia caminhar com as próprias pernas.
Ninguém quer apagar a trajetória de Carnielli. Tampouco maculá-la. Nada disso. Só alertar de que é preciso colocar tudo no seu devido lugar: o empresário foi uma figura importante na história da Ponte Preta. Não é deus. Não é um ser mitológico. Acerta e erra como qualquer ser humano. Será julgado pela história. Não precisa do apoio de fanáticos mais apaixonados por ele do que pelo próprio clube.
Sem paixões, eu cravo: a Ponte Preta é de todos. Nunca de uma única pessoa.
(Elias Aredes Junior)