Hélio dos Anjos não será demitido. Pelo menos essa é a informação oficial da Ponte Preta. E quando julho chegar os reforços vão aparecer . Evidente que a dupla do futebol formada por Marco Antonio Eberlin e por Luis Fabiano precisa dar uma resposta ao torcedor. Eles são os principais responsáveis pelo quadro de terror vivido no Majestoso. Que já está ferido de morte pelo rebaixamento à Série A-2 do Campeonato Paulista. Não aceita a atual condição técnica da equipe no gramador. Quer e pede uma reação. Urgente.
Talvez eu coloque algo que seja uma ducha de água fria ao torcedor da Macaca. No atual quadro, nem se a Ponte Preta contratar o zagueiro Marquinhos do PSG, o volante Pogba e Neymar e Messi para o ataque, o quadro vai mudar. O problema não está somente na ausência de qualidade do elenco. Não é apenas o repertório curto do treinador. Não, não é isso.
O problema principal da Macaca hoje está em algo que resumo em uma duas palavras: mobilização e união.
Para exemplificar o que penso, cito um episódio recente da história da Macaca.
No Brasileirão de 2003, a Macaca passou pela pior crise financeira de sua história. Deveu salários, viu atletas desembarcarem e o resultado custava a aparecer no gramado. Mesmo assim, tanto Abel Braga como o então diretor de futebol Marco Antonio Eberlin conseguiram tirar o time do atoleiro no Campeonato Brasileiro. A equipe permaneceu na Série A.
Por que?
Basicamente porque torcedores, diretoria e os jogadores remanescentes remaram para o mesmo lado. Buscaram um idêntico objetivo. Focaram seus corações e mentes na manutenção e esqueceram divergências. Ou seja, apesar da pontuação negativa na classificação existia um clima positivo e de conforto de que no final, mesmo aos trancos e barrancos tudo daria certo. Até os mais limitados se sentiram pressionados a se doarem um pouco mais. Não existiam fissuras.
E hoje? Vou descrever aqui um cenário que você está careca de saber, mas o fato é que a eleição na Ponte Preta não acabou. De um lado, temos uma Diretoria Executiva, representada na presidência por Marco Antonio Eberlin, apoiado pelo MRP e que assumiu após 25 anos de trabalho de um mesmo grupo político no poder. E este novo grupo exerceu o direito de implantar a sua filosofia de trabalho. Que em certa forma vai contra os preceitos do futebol moderno, é bom que se diga. E os resultados não apareceram. Aliás, sumiram: rebaixamento na Série A-1 do Paulista, eliminação precoce da Copa do Brasil e campanha irregular e decepcionante na Série B.
Ato contínuo, quem era oposição está incentivado a criticar e pressionar a atual direção. Pois bem. Concordo que são poucos oposicionistas que reclamam e chiam pelas redes sociais. Mas é preciso ser justo. Assim como as redes sociais foram vitais para mobilizar o MRP e conduzir o grupo a vitória em novembro do ano passado, também é verdade que a oposição utiliza-se do idêntico trunfo. E seus adeptos crescem dia após dia. Não é cascata. Quem acompanha redes sociais e grupos de Whatsapp sabe do que falo.
Ou seja, a Ponte Preta está rachada em sua comunidade. Fissurada.
Como resolver? Só existem dois caminhos: ou se constrói uma sequência de vitórias para fugir do rebaixamento e construir uma campanha minimamente digna na segundona nacional ou a Diretoria Executiva adota o diálogo, estabelece conversas com alguns líderes da oposição e viabiliza um ambiente de paz para buscar a salvação no gramado. Fora disso, no atual cenário, é tragédia na certa. Ou seja, calendário de 2023 com Série A-2 do Campeonato Paulista e Série C do Brasileirão. E isso definitivamente ninguém quer.
(Elias Aredes Junior-Foto de Álvaro Junior-Pontepress)