Abdalla, um presidente bafejado pela sorte e pelos deuses do futebol

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Existem dois tipos de dirigentes.  Um é aquele capaz de construir vitórias inesquecíveis com sua sagacidade nos bastidores, perspicácia na montagem de times e esperteza para cobrar os jogadores. A Ponte Preta teve dois: Pedro Antonio Chaib e Marco Antonio Eberlim. Centralizadores, dotados de faro único para convivência com os boleiros, montaram uma dinastia. Peri perdeu apenas dois derbis na época de ouro do futebol de Campinas. Eberlim foi o condutor ao lado de Vadão na quebra do tabu no dia 28 de outubro de 2002 quando a Alvinegra venceu por  4 a 2 o rival no Brinco de Ouro.

Outro modelo é o dirigente capaz de delegar poderes e que conta com profissionais que podem lhe fornecer os dividendos necessários para sua sobrevivência política. José Armando Abdalla Junior encaixa-se no modelo.

Abdalla disputou três derbis na presidência. Duas vitórias e um empate. Mérito seu? Diretamente não. O que pode e deve ser elogiado foi a sua capacidade de contar com as pessoas certas nos lugares certos.

Quando venceu por 3 a 2, no Brinco de Ouro, no dia 05 de maio do ano passado, Abdalla teve a felicidade de contar com um Doriva dedicado a esmiuçar o plano tático e o auxiliar técnico João Brigatti, que incendiou os atletas e soube trabalhar o quesito emocional como poucos para o clássico.

Desta vez, Abdalla concedeu liberdade a Gustavo Válio para que ele buscasse o técnico Jorginho e o gerente de futebol Felipe. Nunca disputaram um derbi mas sabiam o modus operandi para levar a melhor em um confronto com alto grau rivalidade.

Hoje, nesta segunda, não é adequado Abdalla dizer que foi o bonzão e fez história. Se tiver consciência (e tem!) ele verá que tomou a medida mais sensata: não atrapalhou. Nestes tempos modernos, é um grande feito.

(análise feita por Elias Aredes Junior)