Quero aproveitar este espaço para escrever algo muito pessoal. Mas que certamente se reflete em muitos companheiros de profissão. Muitos pedem para que tenhamos uma postura mais dócil com jogadores, dirigentes, treinadores e com o mundo do futebol em geral.
Não podemos criticar.
Afinal, todos eles têm família, parentes e amigos.
Coloco na roda: e nós, profissionais de imprensa? Somos robôs? Devemos ser tratados pelo público como pessoas descartavéis?J
ornalismo não é fácil. Porque não basta a execução das tarefas. Quem é sério e profissional, estuda, apura informações, busca reciclagem e quer ficar antenado as 24 horas do dia. Sem cessar.
No jornalismo esportivo, pior ainda. Você já parou para pensar a quantidade de jogos que um comentarista assiste para encontrar-se minimamente informado? Já parou para pensar a quantidade de literatura que deve ser consumida para viabilizar um portifólio mínimo?
E os repórteres? São horas e mais horas em contato com fontes, personagens e o destino de raciocínio para construir a melhor pergunta. Não consegue fazer? Asseguro: 90% faz com a sua dedicação máxima.
A maioria não se importa. Utiliza as redes sociais para chamar profissionais de lixo, ameaçar de morte e desferir uma quantidade de xingamentos que trazem consequências inacreditáveis: depressão, síndrome do pânico, tentativas de suicídio e outras doenças mentais que são devastadoras.
O que escrevo não é exagero.
Pesquisa revelada em agosto pelo Sindicato dos Jornalistas do Distrito afirma que 100% dos profissionais de imprensa que estavam na linha de frente (trabalho presencial) apresentaram sintomas de estresse, ansiedade, depressão nos últimos três meses, sendo que 33,3% afirmaram que estes sintomas ocorrem frequentemente.
Alguma dúvida de que isso ocorre entre os jornalistas esportivos de Campinas, do Brasil e até no mundo? Pois é.
Não importa. A maioria coloca todos na mesma vala. Adjetiva de modo definitivo. Não entendem que jornalista acolhido, corrigido na medida certa e dotado de apoio é aliado na busca de uma sociedade mais democrática e por clubes transparentes e fortes.
Falta compreensão. Empatia. Alguns jornalistas esportivos merecem uma correção profissional? Concordo. Comportam-se como torcedores, ostentam uma vaidade infundada, são equivocados na aplicação de conceitos técnicos básicos, entre outros defeitos. Agora, é justo condenar, crucificar e massacrar uma maioria por causa de uma minoria? Não, não é justo.
Depressão e outras doenças de saúde mental já se transformam em uma epidemia dentro do jornalismo esportivo. Cada um deve procurar formas de tratamento. Fato.
Mas a cura será mais acelerada se você, compreender que não apenas os dirigentes, técnicos, jogadores merecem compreensão porque são humanos. Jornalistas são trabalhadores. E merecem um tratamento digno. Como qualquer profissional que queira exercer seu ofício com dignidade.
(Elias Aredes Junior)