Análise: Guarani e a obrigação de fugir do elixir da ilusão

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O Guarani é líder da terceirona nacional. Campanha impecável sob o ponto de vista numérico. Com mais quatro ou cinco vitórias realizará o sonho de disputar o acesso. Impossível negar os méritos do técnico Marcelo Chamusca e do próprio sistema defensivo, com três gols sofridos em nove rodadas.

Ferreira e Leandro Amaro mostraram segurança, Pipico entregou-se de forma exemplar no gramado e Lenon exibiu capacidade de cumprir com suas obrigações como volante e lateral. Fumagalli deve? Precisa melhorar? Sim. Mas existe um fantasma mais poderoso, um inimigo que assombra a campanha bugrina: o elixir da ilusão.

O nível técnico sofrível e as limitações dos próprios oponentes produzem  penumbra sobre as falhas do Guarani. Prato cheio para aqueles focados em espalhar um discurso manipulativo e cheio de “boas notícias”. Nada de espirito critico. Reflexão no fundo do poço. É o passo inicial para tudo sair de maneira torta.

A liderança não pode apagar a lição de encontrar um armador confiável. Fez bem a diretoria em contratar Renatinho, nova tentativa após os fracassos com Renato Henrique, Deivid e a lesão de Edinho.

Os 18 pontos não podem provocar o desaparecimento de necessidade reformulação de volume de jogo pelas laterais. Lenon é excelente marcador, insuficiente para suprir as necessidades ofensivas. No lado esquerdo, Dênis Neves, apesar de suas falhas e atuações irregulares, faz falta em virtude de ser o único capaz de desafogar o time em instantes críticos.

No meio-campo, Evandro e Auremir fecham os espaços ao oponentes e padecem pela falta de mobilidade . Será um tiro no pé esquecer a urgência de incrementar o setor ofensivo, com a colocação de um companheiro para Pipico, contratado inicialmente para atuar como atacante pelos lados do campo. No final das contas exerceu no turno inicial as funções de centroavante de referência e até de armador, como ocorreu contra o Ypiranga.

Em relação aos outros anos, nunca esteve tão próxima a possibilidade do Alviverde disputar as quartas de final e buscar a vaga na Série B do Brasileirão. O que falta? Enaltecer as qualidades, fincar os pés no chão, reconhecer a possibilidade de oscilações e reconhecer que a realidade é um remédio mais eficaz do que a ilusão. O torcedor do Guarani precisa aprender a ouvir aquilo que precisa ouvir e nunca aquilo que deseja ouvir.

(Elias Aredes Junior – Foto de Israel de Oliveira)