Análise Ponte Preta: crucificar Fábio Moreno é buscar uma saída rasa para um problema complexo e profundo

0
1.239 views

No início desta tarde, entrei em contato com a assessoria de imprensa da Ponte Preta. Pergunto sobre a situação do técnico Fábio Moreno. A resposta vem sem demora. “Não muda nada (a situação dele). Tem toda confiança e respeito”, afirma o comunicado.

Não vamos dourar a pílula: o trabalho de Fábio Moreno nos últimos dois jogos foi decepcionante. Não engrenou contra o São Caetano e foi salvo por Moisés; e foi envolvido na armadilha preparada por Thiago Carpini. O time jogou mal. Fato.

Pregar que trocar o técnico virou a solução é saída simplista.

Se isso desse resultado, a Macaca teria obtido bons resultados em 2019 e 2020. Neste período passaram pelo clube Mazola Junior, Jorginho, Gilson Kleina, João Brigatti, Marcelo Oliveira e agora Fábio Moreno.

Resolveu?

A Macaca chegou ao acesso?

E perceba: são técnicos de perfis diferentes. Modos diferentes de jogar.

Um ponto comum existiu em todas as passagens : falta de respaldo da diretoria e infra-estrutura.

Todos esses treinadores passaram por péssimas fases e jamais foram protegidos. Nunca. Jamais apareceu um responsável pelo departamento de futebol ou um presidente de plantão para dar uma satisfação ao torcedor. Nunca tiveram uma chance de reconstruir o trabalho e seguir em frente. Condenação sumária, massacre.

O ocupante do banco de reservas é fritado a céu aberto.

É massacrado nas redes sociais, submetidos por vezes a comentários depreciativos nos meios de comunicação e o seu trabalho é minado de fora para dentro.

Ah! Sem contar a subserviência e apatia do Conselho Deliberativo que assiste a tudo sem tomar qualquer atitude.

Mesmo quando a troca dá certo ela não produziu benefícios ao clube. Gilson Kleina, em sua primeira passagem, e Guto Ferreira, nas duas vezes em que trabalhou na Macaca colheram ótimos resultados.

O clube conseguiu aproveitar algum legado? Dar um salto de qualidade? Não é resposta. Lembre-se: Gilson Kleina foi contratado após a demissão de Felipe Moreira e chegou a final do Paulistão de 2017.

E depois? O desempenho no Brasileirão foi satisfatório?

Tirar Kleina e colocar Eduardo Baptista na ocasião salvou o time da degola? Então se já não deu certo ou criou ilusões no passado porque agarrar-se nesta medida?

Questão cultural? Ora, se comportamento são imutáveis deveriamos então viver como na época das cavernas? Tudo muda e evoluiu. Basta nutrir humildade e entender que o aprendizado é eterno.

O problema da Ponte Preta não está em Fábio Moreno.

A questão é estrutural.

Cheguei a essa conclusão por um único motivo: independente do que falam torcedores, adotei a reciclagem como norma de vida.

Leio.

Estudo.

Converso com as pessoas. E passei a entender que o sucesso e o fracasso no futebol vai muito além daquilo que acontece no gramado. E sei que vou precisar aprender sobre futebol até o último dia de vida.

Se adotar a humildade, a Ponte Preta vai se reciclar e seguirá outro caminho, muito mais frutífero. Basta querer.

(Elias Aredes Junior)