Assistir um jogo da Ponte Preta é como ser telespectador da “Sessão da Tarde”. Sem garantia de final feliz!

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Vamos dar o devido desconto. A covid-19 tirou de combate o armador Camilo, Ygor Vinhas encontra-se ainda fora de combate e Renan Motta e Paulo Sérgio encontram-se em processo de adaptação ao clube e a metodologia de trabalho do técnico Fábio Moreno. Não vou ignorar o fato de que oportunidades foram criadas. Não foram convertidas? É verdade. Decepcionante. E a comissão técnica tem menos de 72 horas para realizar as correções antes do embate de domingo pela manhã contra o Corinthians. Pressão na veia.

Só que é impossível (repito: impossível) assistir um jogo da Ponte Preta e evitar a impressão de ser um telespectador da Sessão da Tarde, da Rede Globo.

Sabe, aquele filme açucarado, que já passou umas dez vezes, em que você sabe o enredo, os diálogos e o final!? Pior: não provoca em você reação nenhuma. Você assiste por assistir. Ou porque tenha um compromisso com aquela película. Esta é a Ponte Preta. Sem tirar nem por.

Todo jogo você sabe que se o Luizão estiver em campo infelizmente algum erro pode ser cometido; ou que Yuri pode apresentar altos e baixos. Que você verá o Apodi arrancar feito um louco pelo lado direito. Em algumas oportunidades, ele vai balançar as redes; em outras não tomará a decisão correta.

Que Dhawan ora será um cão de guarda impecável e em outros vai vacilar. Que Moisés demonstrará uma dedicação incrível, mas em algumas jogadas vai falta a qualidade desejada em um esporte de alto nível.

Tudo previsível. Neste filme enfadonho você sabe que uma hora o vilão será beneficiado pelo acaso e vai surpreender o mocinho. Na quinta-feira, foi Gegê; amanhã ninguém sabe.

Termina a sessão (ou o jogo) e você se levanta do sofá com aquela sensação de quer algo novo, diferente, inusitado, que lhe traga contentamento e emoção. Isso não vai rolar. Então você espera o próximo filme. Para morrer de tédio. E de tristeza. Um dia muda.

(Elias Aredes Junior com foto de Álvaro Junior-Pontepress)