Luiz Roberto Zini. Nome associado ao Guarani Futebol Clube. Em época de preparação para o clássico do futebol campineiro, não é difícil lembrar desta figura impar. Como presidente, convivi pouco com Beto. Mas existem marcas que ninguém pode dissociar do homem de meia altura, voz rouca, frases de efeito e uma capacidade impar de descobrir atletas de talento.
Seu retrospecto no dérbi é positivo. Em oito jogos, são três vitórias e cinco empates. Alguns são memoráveis, como o empate por 2 a 2, no dia 02 de abril de 1995, no Moisés Lucarelli em que jogaram juntos o trio formado por Djalminha, Amoroso e Luisão.
Pense no alcance do feito: logo após ser terceiro lugar no Brasileirão, Zini juntou entre os titulares um campeão do mundo na Ásia e no Japão, um com Mundial de Clubes e outro desbravador do futebol europeu. Você consegue imaginar esse mesmo feito realizado por qualquer equipe de porte médio do futebol nacional? Impossível.
Não rechaço quem acusa Zini de não ter formado sucessores na bola e na administração do Guarani.
Mas algo não pode ser negado: apesar dos problemas, Zini nunca reclamou. Lutou, foi a frente, formou times competitivos, e do seu jeito quis dar um titulo ao Guarani. Não deu. Mas não pecou por omissão ou resignação.
Hoje, quando vemos que o Guarani, após a queda de Leonel Martins de Oliveira, em 2011, foi substituído por Marcelo Mingone, Álvaro Negrão, Horley Senna e Palmeron Mendes Filho chega-se em conclusão que em termos de conhecimento do mundo da bola e suas mumunhas, os citados estão longe, mas muito longe da malícia e jogo de cintura de Beto Zini.
Já me falaram que ele foi co-responsável pela montagem do time do paulistão de 2013 ao lado do filho, que desmentiu a história minutos depois da publicação desta matéria. Segundo Nenê Zini, o responsável único pelo fracasso em 2013 foi Álvaro Negrão. E verdade seja dita: se o Guarani comemorou a Série A-2 de 2018, deve-se ao trabalho de Nenê Zini, que auxiliou na montagem da equipe.
Em uma perspectiva de médio e longo prazo isso fica quase pequeno, quase diminuto como um grão de mostarda. Sim, porque mesmo que alguns detratores não gostem, Nenê Zini é um empresário de sucesso e competente. E com credibilidade no mundo da bola. Beto Zini por sua vez está na prateleira como um dos grandes dirigentes da história bugrina.
Se os dirigentes e responsáveis pelo departamento de futebol adotaram Beto Zini como inspiração, na pior das hipóteses, certamente serão produzidos profissionais ainda mais apegados a causa e com o incremento da paixão, algo que certamente o torcedor bugrino tem saudade. Com razão. (Elias Aredes Junior)