Danilo Villagelin, o guardião da história da Ponte Preta. Um camisa 10 da elegância. Uma lacuna que jamais será preenchida

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Clássicos e rivalidades não são forjados por jogadores e treinadores. São as pessoas comuns, o cidadão que senta no chão da arquibancada é que repassa histórias por gerações. É o torcedor que é capaz de formular heróis, decretar vilões e construir uma memória afetiva capaz de resistir a mais densa tempestade.

São eles que facilitam reportagens em uma semana caracterizada por entrevistas liberada a conta gotas pelos clubes. Neste cenário, um pontepretano faz falta,  o médico Danilo Villagelin Filho.

Não tive contato. Não convivi com o profissional que por anos prestou serviços a Beneficencia Portuguesa, em Campinas e falecido no dia 04 de julho de 2017. Todos os depoimentos que colhi desembocam para um único diagnóstico: uma pessoa afável, cordata, educada e dono de uma cultura invejável. Um guardião da história pontepretana.

Seu desaparecimento traz tristeza a sua família, amigos e aos profissionais de imprensa. Sim, em um estalar de dedos era capaz de descrever qualquer data e associava a um acontecimento da Ponte Preta.

Na hora do sufoco, no Brasileirão de 2003 foi um camisa 10 de traje social. Ao lado de Marco Antonio Eberlim não arredou o pé da Macaca. Fez o possível e o impossível para incentivar sua comunidade e seus representantes no gramado de que a fé moveria a equipe no rumo da permanência. Deu certo.

Em um dérbi realizado no inicio do século, ao receber um telefonema do hospital em que trabalhava, deu uma rápida orientação e voltou a torcer pela Macaca do coração. Detalhe: era sua mãe. “Tenho certeza que ela está bem cuidada. O que precisamos é resolver o problema daqui”, disparou a uma testemunha da história.

Danilo Villagelin entregou tudo que podia a Ponte Preta: dinheiro, amor, solidariedade, carinho, serviços profissionais e até sua própria saúde. Se estivesse vivo, certamente sua presença deixaria o jogo mais robusto, emblemático e incentivado por alguém que conhecia não só a história da Ponte Preta como a do próprio futebol campineiro.

Danilo Villagelin. Um pontepretano de coração. Sem medidas.

(Elias Aredes Junior)