Futebol não tem fórmula pronta. O sucesso de hoje pode virar o fracasso de amanhã. E vice-versa. A armadilha não impede a reflexão e a busca de caminhos. O Guarani não pode fugir desta constatação. Por natureza, sou um defensor de uma filosofia de estabilidade no trabalho. Escalação sem sustos e incentivo aos jogadores para que desenvolvam sua metodologia. O que aconteceu em Arapiraca passou dos limites. Um time lento, apático e previsível, especialmente depois de fazer o gol inaugural.
Falhas incríveis e que não podem ser ignoradas. Alterações nominais deveriam ser feitas. Por que? Simples: o adversário é o mesmo, a estratégia de contra-ataque será adotada e se você fizer as mesmas coisas vai colher os mesmos resultados.
Qual a saída? Retirar do time titular o lateral-esquerdo Gilton, o volante Zé Antônio e o armador Marcinho. Eles podem ser mantidos e o time reagir? Pode. Eles podem ser acionados e anotarem os gols do acesso? Lógico que sim. Mas o ideal seria adotar uma “terapia de choque” para modificar os acontecimentos. Mais: não coloco o goleiro Leandro Santos pelo conjunto da obra. Foi mal contra o ASA (AL) mas fez a diferença em muitos jogos, ao contrário dos outros três, com muitas decepções no currículo.
A saída de Gilton é justificada pelo jogo inicial. Ele não ganhou uma jogada sequer do lateral-direito Junior e no ataque não demonstrou força de decisão. Cruzamentos deficientes e sem chegada á linha de fundo. Dênis Neves tem deficiências na marcação? Dá espaço ao oponente? A resposta é sim. No entanto, um bom sistema de cobertura fará com que Dênis exiba na frente versatilidade e capricho nos cruzamentos. Compreendi a relutância de Marcelo Chamusca em colocá-lo como titular na fase inicial. Era necessário uma opção capaz de mudar o panorama da partida. Agora tal alteração tem que ocorrer desde o primeiro minuto.
Dênis Neves é vital, assim como (pasmem!) a presença de Evandro no lugar de Zé Antônio. Contratado como estrela da companhia, o ex-volante do Linense não deu liga com a camisa bugrina. Lento e sem boa colocação o atleta colaborou na confecção de um setor dominado com facilidade pelo ASA (AL) e com um detalhe: sem a sua figura exponencial, o armador João Paulo. Evandro é limitado, algo capaz de tirar o brilho a partir de início das jogadas do meio-campo, mas dará ao lado de Auremir uma força de marcação para diminuir as possibilidades de gol do time alagoano.
E quanto ao armador Marcinho? Escalado para ficar ao lado esquerdo, o atleta fica á mercê do cerco adversário. Ou seja, perde-se uma opção ofensiva para abastecer o atacante Eliandro, o tão decantado centroavante pedido por Chamusca. Renatinho seria uma saída para proporcionar rapidez e alternativas pelos lados ou até a escalação de Deivid, outrora parceiro de Eliandro no Batatais durante a última Série A-2.
Marcelo Chamusca terá cinco dias para pensar e refletir. Cinco dias para montar um time competitivo capaz de ganhar o acesso tão sonhado. Talvez ele nem queira promover qualquer alteração no time titular. Direito dele. O que não dá para aceitar é a repetição daquela atuação abaixo da crítica do jogo inicial. Se o filme for repetido, é duro dizer mas o acesso seria injusto. A teimosia não pode permanecer.
(análise feita por Elias Aredes Junior)