Um dia, ao conversar com um ex-dirigente do futebol campineiro, ele reclamou da rigidez nas análises deste Só Dérbi. Afirma que nunca reconhecemos os bons serviços prestados por aqueles que comandam.
Não sou o único a suportar tantas reclamações. Gente série e dedicada ao ofício do jornalismo esportivo em Campinas é preterido na hora de prestar esclarecimentos. Alguns preferem os confetes, a conduta chapa branca, o apelo fácil aos elogios. Querem ver seus egos massageados. Precisam do pedestal para sobreviver.
Confesso, que vez em quando bate uma dúvida: será que sou injusto? Cruel em excesso? Não deveria levar em conta as dificuldades financeiras?
Basta eu entrar no meu quarto de estudos, pegar as anotações e ver as informações serem jogadas na minha cara.
A Ponte Preta ficou na porta do acesso? Sim. Graças a Gilson Kleina, jogadores e comissão técnica. Só. Antes de sua chegada, a agremiação flertava com o rebaixamento. No Guarani, os desencontros foram tamanhos que devemos ficar espantados pelos 54 pontos.
Enquanto isso, o CSA, ausente da divisão de elite desde 1986 consegue uma goleada tranquila sobre o Juventude e carimba o passaporte. O Fortaleza, em sua primeira temporada na Série B após oito anos de ausência sagra-se campeão e retorna ao pelotão de elite após o rebaixamento ocorrido em 2006.
Nas décadas de 1970 e 1980 e até 1990, Guarani e Ponte Preta estavam na dianteira entre clubes médios e pequenos. O Atlético-PR era um coadjuvante. Hoje, o Furacão enverga titulo nacional, final de Libertadores, estrutura impecável e faturamento de ponta. E Ponte Preta e Guarani? Parados no tempo.
Não, não deve ser motivo de comemoração um ano de 2019 com três dérbis, sendo um pelo Campeonato Paulista. Ponte Preta e Guarani são clubes sediados em uma cidade cosmopolita, com recursos, projeção nacional e com sede de crescimento. Seus dirigentes ão podem nutrir uma cabeça provinciana em uma cidade de 1,2 milhão de habitantes.
No fundo, no fundo, deveríamos nos envergonhar pela festa de Fortaleza, Goiás, CSA e Avaí. Podem até cair em 2019, mas pelo menos os dois nordestinos entenderam o novo futebol e tentam se adaptá-lo. Bugrinos e pontepretanos ao verem o Goiás, ainda envoltos em problemas administrativos e políticos e o Avaí, que carimba o acesso com salários atrasados, deveriam ter vergonha. Deveria ser motivo para que os dirigentes campineiros pensassem uma única pergunta na cabeça: como conseguimos nutrir tanta incompetência? Como ficamos tão aliados do atraso? Pois é.
(análise feita por Elias Aredes Junior)