Nas eleições para a presidência dos Estados Unidos, em 1992, o então candidato democrata Bill Clinton tentava encontrar uma maneira de cativar os corações de um eleitorado preso por 12 anos de Republicanos no poder, mas que celebrava a vitória na Guerra do Golfo. Em uma das reuniões, ao realizar um debate interno sobre os temas que poderiam ter maior apelo junto ao eleitorado, o marqueteiro de Clinton, James Carville, saiu com uma frase que entrou para a história: “É a economia, estúpido!”. Ou seja, nada seria mais atraente do que prometer empregos, crescimento e melhoria de vida da população. E Clinton embalou oito anos na Casa Branca.
Guardada as devidas proporções, a atitude da Ponte Preta de segurar William Pottker, colocá-lo para jogar na Copa do Brasil e fazer o Corinthians desistir do negócio poderia ser acompanhado da seguinte expressão: “É a eleição, estúpido!”.
Não é novidade para ninguém que Vanderlei Pereira é um presidente impopular. Ou com resistências junto a parcela da torcida. Não comunica com as massas. E a diretoria pontepretana, queiramos ou não, adquiriu uma imagem elitista. De que virou as costas para o povo. Lógico, o colégio eleitoral da Macaca é restrito. A torcida não vota. Só que ela influencia, pressiona, busca ditar os rumos das instituições. Muitas vezes consegue.
Vislumbre o seguinte quadro. Não sabemos se será candidato por questão judicial, mas Márcio Della Volpe tem popularidade nas arquibancadas. Utiliza seu carisma com tanto maquiavelismo que a amnésia aparece quando o assunto é sua responsabilidade no rebaixamento à segunda divisão em 2013. Vanderlei Pereira ou seu candidato são favoritos? São. Não dá para bobear.
Como neutralizar possíveis danos políticos de conceitos propagados na torcida sobre a falta de ambição e contratações de impacto? Realizar atitudes que contrastam com a imagem sedimentada.
É nisso que entra a meia volta no Corinthians.
Independente de consequências negativas que possam acontecer, o saldo positivo é o que interessa: a de a Ponte Preta foi esperta, matreira e passou a perna no gigante do futebol brasileiro. O tostão venceu o milhão. David derrubou Golias. Quer bandeira de campanha melhor em médio e longo prazo para amenizar o quadro corrosivo perante a torcida e acalmar conselheiros e integrantes do quadro associativo que participam das eleições?
Mais: o final retumbante esconde um enredo truncado, cheio de falhas e com buracos visíveis. William Pottker iria jogar no Paulistão? Seria descartado na Copa do Brasil ou na Copa Sul-Americana?
Um fato é inequívoco: a atitude da diretoria da Ponte Preta foi uma bela jogada política e de imagem e com grandes chances de lançar sementes para o futuro que interessa: a hora que as urnas forem abertas. Depois? Bem, o destino dirá.
(análise feita por Elias Aredes Junior)