Eberlin na coletiva: problema da resposta não está no conteúdo e nem na forma e sim em seu objetivo

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Nós não podemos ser incoerentes. Este Só Dérbi por diversos vezes criticou presidentes de clubes que se omitiram no momento de defender o trabalho de seus treinadores. Após uma derrota sumiam das entrevistas coletivas. Autorizavam o processo de fritura nas redes sociais e depois contratavam outro profissionais como se não tivessem responsabilidade de nada.

O presidente da Ponte Preta, Marco Antonio Eberlin decidiu ir contra a maré.

Após o jogo e a derrota para o Criciúma, ao ouvir a pergunta do repórter Fernando César da Rádio Central direcionado ao técnico Felipe Moreira sobre a continuidade ou não de seu trabalho, Eberlin entrou no setor reservado aos jornalistas e deu a seguinte resposta: “ O presidente vai responder essa porque essa pergunta não tem que ser feita para o Felipe Moreira. Ele é o nosso treinador e vai dar continuidade no trabalho. Eu confio demais nele.Eu gostei do segundo tempo da Ponte. Vamos agir com tranquilidade. É claro que no futebol não podemos ter letargia, mas os bons treinadores estão empregados e o Felipe (Moreira) tem nossa confiança. Ele vai para Chapecó porque não procurei nenhum treinador”, afirmou.

Temos que ser justos: Eberlin fez o que deveria fazer qualquer presidente de clube: defender o trabalho do seu treinador. Pode ter sido inadequada a intervenção e a maneira como foi colocada a resposta. Mas a medida em si, qualquer jornalista cairia na incoerência ao criticá-la.

O problema não é a forma da atitude e nem o conteudo e sim seu objetivo.

Argumento simples: técnico nenhum do Brasil está seguro. A maneira como o presidente da Ponte Preta colocou a resposta pareceu como algo definitivo. Seus aliados e até ele podem argumentar que este não foi o objetivo da resposta. Mas o torcedor entendeu assim. Ou seja, que Felipe Moreira ficará por toda a Série B. O torcedor está errado? Cada um faça seu julgamento. Mas que a mensagem foi entendida desta maneira, disso não há dúvida.

Até porque sabemos que é difícil segurar um treinador. Três, quatro, cinco derrotas consecutivas seguram algum profissional? Presença em 10, 15 rodadas na zona do rebaixamento concede estabilidade ? De jeito nenhum. Nunca. Por isso, que o dirigente pode e deve defender seu treinador. Mas deve colocar  em mente a conjuntura nefasta do futebol brasileiro.

E aqui não vai qualquer critica ao técnico Felipe Moreira. Apesar das claras divergências e criticas que ele tem ao trabalho do Só Dérbi – e ele tem total direito em adotar postura-  devemos adotar ponderação ao analisar o trabalho de um técnico com uma rodada. “Ah, mas ele foi mal em 2017”. Só esquecemos que todos nós evoluímos, melhoramos e nos aprimoramos como pessoas e em nosso trabalho. Quem pode ter a coragem de dizer que isto não ocorreu com Felipe Moreira? Por que podemos condená-lo por antecipação? Pois é. 

O fato é que, apesar das boas intenções, ao transmitir que está abraçado ao novo treinador da Ponte Preta, o presidente da Ponte Preta gerou mais insatisfação em direção ao profissional que senta no banco de reservas.

O que fazer? Trabalhar, trabalhar, conseguir resultados e com isso conquistar o coração da torcida. Em boa fase, ninguém precisa de escudo.

(Elias Aredes Junior-Foto de Diego Almeida-Pontepress)