Desde 2011, a Ponte Preta reduziu a sua rotatividade de treinadores. Gilson Kleina, Guto Ferreira, Paulo César Carpegiani, Jorginho, Sidney Moraes, Vadão, Dado Cavalcante, Felipe Moreira, Vinicius Eutrópio, Alexandre Gallo e Eduardo Baptista. Diante da roleta russa reinante no futebol brasileiro não podemos dizer que é uma lista extensa. Tanto que dois – Kleina e Guto- ultrapassaram a marca de 100 jogos na Macaca. Mas a impressão é que nem Jorginho reunia as caracteristicas presentes no atual treinador para alcançar o objetivo desejado: a conquista de um título.
Primeiro porque Eduardo Baptista, antes de chegar na Ponte Preta, trabalhou nas duas situações presentes no mercado da bola, ou seja um time sem o poder de fogo dos gigantes (Sport) e um clube de bom aporte financeiro (Fluminense). Conseguiu viabilizar um esquema de trabalho que adaptasse as condições oferecidas pela agremiação. Perceba: Eduardo Baptista nunca reclamou ou pediu contratações de modo ostensivo. Se vier, ótimo. Caso contrário, toca-se com o que tem. O atual comandante viveu situações diversas antes de aportar em Moisés Lucarelli, quadro diferente de Gilson Kleina e Guto Ferreira, que tiveram na Ponte Preta a chance efetiva para subirem de patamar no futebol nacional.
Ser estudioso também conta. Muito. Eduardo Baptista tem uma filosofia clara de trabalho, mas isto não lhe impede de tentar explorar os pontos falhos do oponente. Cada jogo tem sua característica. Foi assim contra o Corinthians e Palmeiras. E assim será até o final do Brasileirão e nas oitavas de final da Copa do Brasil. A decisão contra o Atlético Mineiro no dia 21 de setembro é difícil? Sim. Mas o planejamento do jogo e a forma de aproveitar a vantagem obtida nos 90 minutos iniciais já deve encontrar-se na prancheta. Não é pouco.
O trunfo principal, no entanto, tem pouca relação com sua trajetória profissional e sim pessoal. Eduardo Baptista foi criado dentro da Ponte Preta. Tem a exata dimensão do sonho presente no coração de cada torcedor pontepretano. Caso chegue a uma decisão de Campeonato saberá calibrar a ansiedade, a tensão e a expectativa por uma conquista inédita e utilizará como catapulta para alcançar o sonho dourado.
Não há qualquer declaração sua de conformismo em relação ás performances pontepretanas. Ele quer mais. Sempre mais. Porque o torcedor deseja avançar. Ir além. Sonhar e ambicionar o olimpo.
Por todas essas características, não há como negar: nunca um técnico esteve tão gabaritado para exterminar com o sufoco do coração pontepretano. Que o destino ajude.
(análise feita por Elias Aredes Junior)