Acompanhei com atenção a entrevista concedida pelo presidente da Ponte Preta, Marco Antonio Eberlin à Rádio Bandeirantes. A conversa abre espaço para uma série de análises e reflexões que faremos em vários posts. Sim, porque Eberlin ocupa na atualidade o cargo mais importante da agremiação. Suas palavras e atitudes provocam consequências e desdobramentos que não podem ser ignorados.
Vamos começar com o duelo do dirigente com as redes socais. Em diversas passagens da entrevista, Eberlin reclamou da postura e daquilo que é dito pelas redes sociais. Em suma, deixou no ar a ideia de que quem participa de Facebook, Whatsapp, Twitter, Instagram e Tik Tok atrapalha o andamento do clube. Bem, o conceito pode até ser verdadeiro mas existem dois pontos que atrapalham (e muito!) para que seu argumento seja aceito.
O primeiro é que este não é um problema da Macaca e sim de todo o futebol brasileiro. Clubes saudáveis, deficitários, eficientes, incompetentes, criativos, insossos, com torcida, sem torcida…Todos sofrem com a influência das redes sociais.
É uma realidade. De todos.
Então, não dá para cravarmos que a Ponte Preta é a única atingida por este fenômeno. O recado dos novos tempos é claro: quem conseguir adaptar-se a este novo cenário larga na frente. Ou terá uma dor de cabeça menor. Não é privilégio da Ponte Preta contar com torcedores que estão nas redes sociais e com objetivos políticos.
Dirigentes de Flamengo, São Paulo, Chapecoense, Novorizontino, CRB...Todos lidam com agitadores, especialistas em fomentar tumultos e intrigas. A diferença é que alguns dirigentes sacaram rapidamente o cenário e buscam se adaptar. Especialmente os executivos de futebol.
O segundo equivoco na abordagem do presidente da Macaca é que ele esqueceu de lembrar de que está em uma camisa de força. A rede social que hoje lhe atormenta foi a que deu força, amplitude e propaganda ao seu grupo político para vencer as eleições na Ponte Preta em novembro de 2021.
Se o MRP virou um espiral de esperança no processo eleitoral foi pelo fato de que centenas (ou milhares) de posts foram lotados na internet sobre o plano e as intenções do MRP. Conquistou votos? Não sabemos. Mas criou o clima, o cenário para o MRP virar alternativa de poder. Os conselheiros só ratificaram aquilo que saiu do mundo virtual e desembocou no mundo real. Ignorar este fato é pecado.
Em resumo: reclamar e protestar contra as redes vai adiantar pouco. Quase nada. O salutar é entender o fenômeno, checar suas qualidades e defeitos e adaptar-se ao debate da opinião pública. No mundo real e virtual. Fora disso, é flertar ou abraçar o fracasso.
(Elias Aredes Junior com foto de arquivo Pontepress)