Impossível ignorar a dor do torcedor pontepretano. Um rebaixamento doido, em que um time sem poder de reação foi presa fácil aos adversários.
Só que existe uma dura verdade: nada acontece por acaso.
A conquista de apenas nove pontos em 12 partidas foi resultado de uma medidas equivocadas, erros de gestão e acontecimentos que produziram a humilhante queda.
Nada melhor do que utilizar o abecedário para dissecar tais ingredientes.
- Água Santa-A derrota para a equipe de Diadema decretou o rebaixamento. Se a Macaca tivesse vencido, certamente escaparia. Mesmo com desempenho tão ruim.
- Batuque- Após a vitória sobre o Novorizontino, o presidente Marco Antônio Eberlin participou de uma batucada com a torcida organizada no lado externo no estádio. Na ocasião, parecia apenas um fato pitoresco. No final, podemos chegar a conclusão de que pode ter sido um reflexo de um excesso de confiança que culminou com o pior.
- Ciência do Esporte: Apesar de sempre dizer que o “antigo” e o novo deveriam andar juntos, o fato é que a Ciência do Esporte, ou os chamados “profissionais científicos” mereceriam um destaque e protagonismo maior. Eles não podem ser coadjuvantes na conjuntura atual.
- Dedé: O que era esperança virou um fiasco. Falhas nos jogos contra Internacional de Limeira e Água Santa comprometeram sua trajetória.
- Especialização: A CBF exige o certificado porque quer gente especializada em futebol. No banco de reservas inclusive. Quando Ivo Secchi, um observador, precisa assinar a sumula em jogo de Copa do Brasil, contra o Cascavel, porque ele era um dos únicos no clube que detém o título, é um nítido sinal de que algo precisa ser ajustado.
- Falta de pontaria: 10 gols em 12 jogos. Um desempenho que não pode ser admitido em um clube do porte da Ponte Preta no Campeonato Paulista.
- Gilson Kleina: Desde o começo do Campeonato Paulista era nítido de que existia carência sob o ponto de vista tático. Sua saída só foi definida após a oitava rodada. Agora, dá para concluir: era tarde demais.
- Harmonia: característica ausente na política pontepretana. Situação (MRP) e Oposição (DNA Pontepretano) utilizam as redes sociais para se atacarem e tumultuar o ambiente. E o clube? Ah, deixa para depois.
- Incompetência no Majestoso: vencer apenas um dos seis jogos realizados no Majestoso é inadmissível.
- Janela do Tempo: Nenê Santana, Ricardo Koyama, Marco Ribeiro são pessoas excepcionais. Tenho certeza que entregaram tudo o que podiam no Departamento de Futebol Profissional. Mas não dá para deixar de constatar: se estivessem integrados ao futebol atual há mais tempo, certamente o resultado poderia ser melhor. Muito melhor.
- Kevin: Um jogador que resume o perfil do elenco pontepretano: esforçado, dedicado, mas com limitação técnica exacerbada.
- Luis Fabiano: em sua primeira experiência como dirigente, o ex-centroavante da Macaca foi um fiasco.
- Marco Antonio Eberlin: Presidente do Clube. Montou o time. E em entrevista à Rádio Bandeirantes de São Paulo, admitiu que errou nas contratações. Quem sou eu para contestar!?
- Nada: “Nada de Executivo de Futebol”. Um conceito confirmado por Marco Antonio Eberlin em entrevistas. Com o atual resultado podemos dizer que até um executivo ruim faria diferença para melhor. Seria um nada que produziria algo de positivo.
- Ostracismo: o significado da palavra é exclusão de cargo público ou político. Podemos dizer que alguns componentes da Diretoria Executiva vivem tal significado mesmo no exercício do cargo. Afinal, será que somente o presidente fala pelo clube? Outros não podem se pronunciar? Eles não tem nada a dizer.
- Preparação física: não é culpar profissional A,B ou C. Mas é nítido que em muitos jogos, a Ponte Preta perdeu pontos preciosos por falta de condicionamento físico.
- Questionamentos: uma campanha tão decepcionante e o órgão responsável pela fiscalização das ações da Diretoria Executiva, o Conselho Deliberativo, não se pronunciou. Ou conselheiros não se manifestaram de maneira contundente. Você pode alegar que conselheiros de oposição (DNA) se pronunciaram. Não estou falando desta turma e sim daqueles que são independentes. Que não nem de um lado ou de outro. Estes se calaram. Pecaram por omissão.
- Rumo: Foi o que inexistiu após a derrota por 3 a 0 para o Guarani no Brinco de Ouro. Tanto que o time não venceu mais.
- Satisfação á Torcida: foi o que faltou após o empate por 2 a 2. Carta Aberta? Ok. Mas em qualquer clube rebaixado, um dirigente ou técnico comparece para conversar com a imprensa e dar satisfações a torcida. Vai falar segunda-feira? Legal, interessante. Mas dar declarações na segunda-feira não exclui a necessidade de conversar com o torcedor logo após a decepção.
- Tempo: É preciso dizer com todas as letras. 2022 não é ano 2000. Nem 2005. Nem 2011 ou 2013, para aqueles que se agarram em feitos do passado para se eximir da culpa atual. O futebol é dinâmico, moderno e pede atualização constante.
- Única Esperança: Lucca, autor de seis gols. Quando ele se lesionou, a esperança foi embora.
- Vergonha: perder de 5 a 0 para o Corinthians foi o prenúncio de algo pior aconteceria.
- where are the supporters? Traduzindo: Onde estão os apoiadores? Sim, é um erro somente Eberlin falar com a imprensa e assumir todas as responsabilidades. Mas cabe a pergunta: cadê o séquito de puxa sacos e bajuladores que estavam ao seu redor na vitória na eleição e depois na eleição do Conselho Deliberativo? Cobrar e fingir que não tem nada com isso, não é omissão. Flerta com a desonestidade intelectual.
- Letra X: Mais do que uma letra, é uma marca no papel de montagem do elenco para constatar que o elenco não tinha um clássico armador. Fez falta.
- You have to believe: Sim, você tem que acreditar. Apesar da vaidade dos homens, a Macaca vai se reerguer e viver dias melhores.
- Zueira: Nos últimos anos apesar de algumas campanhas ruins, como nos Brasileirões de 2013 e 2017, o torcedores pontepretanos tinham orgulho. Agora, além da péssima campanha, terá que aguentar as brincadeiras do rival Guarani.
(Artigo de autoria de Elias Aredes Junior-Foto de Álvaro Junior-Pontepress)