Gilson Kleina precisa mudar o modelo de jogo na Ponte Preta. Urgente. Está manjado. Vai trocar ideias com quem?

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Um time com uma única maneira de jogar. Só no contra-ataque. Sem variação. Volantes previsíveis, atacantes por vezes sem mobilidade e na dependência de uma ou outro lampejo. Quando nada aparece, a tragédia é certa. Esta é a Ponte Preta. Os 10 pontos na classificação não deveriam servir de alerta. Duro é constatar a produtividade como visitante: fraca, impotente, sem iniciativa. E em casa mostra fragilidades que despertam preocupação. Lógico, o alvo é Gilson Kleina.

Formatou uma fórmula vitoriosa no Paulistão. Não tem os alicerces daquele esquema, Clayson e William Pottker. Remexe, revira e nada muda. Está na berlinda. Fato.

O cargo de treinador é solitário. Decisões estão sob sua responsabilidade e não existe saída. Ajuda, debate de ideias e argumentos plausíveis seriam bem vindos. A pergunta: quem pode adotar tal atitude na Alvinegra? Qual dirigente estatutário pode sentar com Kleina em uma mesa de bar na sala de reuniões e falar com propriedade, com informações coerentes de que aquilo que está colocado no gramado é equivocado? Entendam: não é para dirigente interferir na escalação e sim fornecer subsídios e alternativas para que o comandante técnico no gramado possa viabilizar a melhor opção.

Nesse ponto que o caldo entorna na Ponte Preta. Não existe ninguém  na atual diretoria portador deste perfil. Alguém que entenda da mortadela. Nem Sérgio Carnielli. Não, não levo em conta Gustavo Bueno. É funcionário do clube. Pode ser demitido a qualquer hora. Eu falo sobre quem é eleito para exercer o mandato e sabe de antemão a razão de viver da Ponte Preta: o futebol.

A Macaca não é empresa para angariar lucro, não é central de venda de imóveis ou ponto de negociação financeira. É clube de futebol. Que deseja crescer e lutar por posições melhores. Sei que o conceito é duro, mas precisa ser dito: entender da parte jurídica, financeira, administrativa ou de logística não retira o foco essencial: dirigente deve respirar futebol, decupar suas estratégias, filtrar características de jogadores,detectar as  mumunhas de bastidores, ficar atento ao relacionamento com empresários e treinadores. Tem alguém com tais predicados? Difícil encontrar.

O que desejo transmitir? Banal e direto. Hoje, Gilson Kleina infelizmente começa a cavar sua estrada para uma saída, cedo ou tarde. Precisa mudar o rumo da prosa se não quiser visualizar a cobrança da fatura.Só que colocar um outro profissional em seu lugar não vai resolver nada. Repito: nada.

Porque na primeira dificuldade, dúvida ou de cerco pelos fatos, o treinador ficará sozinho e sem ninguém para trocar ideias ou conceitos. Triste e constrangedor verificar que nos últimos 20 anos, a Ponte Preta conta com um presidente de honra que colocou a casa em ordem, deu dignidade ao clube mas foi incapaz de viabilizar algo básico: formar dirigentes que entendam de futebol. Márcio Della Volpe ou Marco Antonio Eberlim estão fora da Macaca? O grupo político atualmente no poder não tem mais confiança neles?

Ok, mas a pergunta feita deveria ser outra: quem foi trabalhado para substituí-los? Ninguém. Guto Ferreira, Gilson Kleina, Doriva, Eduardo Baptista…Todos sofreram a solidão do cargo provocada pela pressão das arquibancadas  e ausência de capacitação nos gabinetes. Prontos a vestirem o terno mais requintado, mas fracassados em detectar no vestiário a dificuldade inicial à vista.

A atual diretoria da Associação Atlética Ponte Preta tem mais intimidade com a calculadora do que com uma bola ou um par de chuteiras. Isso precisa mudar.  Ao lado das ideias do treinador. Medidas urgentes. Antes que seja tarde.

(análise feita por Elias Aredes Junior)