O futebol no Brasil é reduto do machismo. Tem resistência em aceitar a diversidade na prática do esporte mais popular do planeta. No entanto, temos oito milhões de guerreiras dispostas a quebrarem tal tabu, de acordo com dados da própria CBF em relação a prática do futebol feminino. Quatro delas estão no Guarani FC/Valinhos, integradas a Seleção Brasileira Sub-17 que disputa o Sul-Americano da categoria na Venezuela até o dia 20 de março.
Das 22 atletas convocadas pelo técnico Luis Antonio, as meninas Rayane, Isa Dani, Camila e Nicoly sabem que vivem um momento especial. Primeiro por lutarem por uma vaga na Copa do Mundo da categoria, que será de 30 de setembro a 21 de outubro na Jordânia. Outra preocupação é defenderem com eficiência o brasão bugrino, clube que tem referência de vanguarda no futebol feminino.
Assim como na vida do jogador profissional, cada jogadora tem um sonho, um desejo, uma forma de ver o futebol. Aos 16 anos, a lateral Isabella, mais conhecida como Isa Dani, é uma das mais experientes, capitã da equipe e uma referência tanto no Guarani como no selecionado nacional. “Já disputei um torneio internacional pela seleção, a Ibercup, em Portugal. Mas, esta nova oportunidade é um sonho e uma grande responsabilidade, porque garante a vaga para o Mundial”, disse a jogadora, que iniciou na modalidade aos 08 anos e ao contrário de outras garotas teve a sorte de receber incentivo por parte dos pais, parentes e amigos. “Eu vi meu irmão jogar e quis jogar também”, afirmou Isa Dani, que atua no Guarani FC/Valinhos há quatro anos e agora tem intenção de fazer história na Seleção Brasileira. “Não queremos apenas a classificação e sim sermos campeãs”, arrematou.
Se craques consagradas como Marta precisam lidar com pressões e demandas da profissão, as garotas bugrinas inseridas na Seleção Brasileira Sub-17 administram questões e desafios próprios da adolescência. Em primeiro lugar, o desinteresse aparente dos amigos do terceiro ano do ensino médio, que, segundo Isa Dani, não querem perguntar sobre aventura no mundo da bola. “Mas tem outros que acham legal, apoiam e perguntam como é vestir a camisa amarelinha”, completou.
“Quando você tem um objetivo é preciso tomar decisões, como deixar de ir a uma festa. São pequenos detalhes que fazem diferença. Meu sonho é ter uma carreira como atleta e sei que estou no caminho”, arrematou Isa Dani, focada em fazer história com a camisa do Guarani e da Seleção Brasileira.
(texto e reportagem: Elias Aredes Junior- Foto de Rafael Ribeiro-CBF)