Maracanã. 23 de outubro. Flamengo x Corinthians.
Mineirão. 26 de outubro. Cruzeiro x Grêmio.
Varginha. 5 de novembro. Boa Esporte x Guarani.
Em duas semanas foram três situações diferentes, mas um retrato fiel de como o torcedor é tratado por quem deveria apenas defendê-lo. Antes de mais nada, este espaço é democrático e respeitamos todas as opiniões, mas gostaria de propor uma reflexão sobre a segurança nos eventos esportivos do Brasil.
Ontem, em Varginha, foi mais um exemplo de tamanha truculência e abuso de poder. O que já ocorreu há duas semanas no Maracanã, semana passada no Mineirão ou em qualquer outro estádio movido a concreto nos últimos anos do futebol brasileiro.
Após a derrota e a confirmação do vice-campeonato da Série C, jogadores do Guarani foram saudar a torcida (que em ritmo lento deixava as dependências do campo) e agradecer os mais de 5 mil bugrinos presentes no Estádio do Melão. Quando, de forma covarde, torcedores do Boa começaram a jogar objetos e apontar rojões em direção aos adversários.
Diante deste cenário, a polícia tentou acelerar a saída dos visitantes disparando bombas de gás lacrimogênio. Houve muita correria e ali se iniciou toda confusão. Diante do cenário de guerra e covardia, os próprios jogadores e funcionários do Guarani tentaram barrar aqueles que, na teoria, estavam ali para preservar a integridade física de todos.
Com a tensão cada vez mais elevada, claro que alguns baderneiros apareceram. Mas diferente do que é noticiado pela imprensa diariamente não foram estes que iniciaram a confusão. Há muitas vítimas, e este número só é inferior a quantidade de culpados. Mas, é preciso entender que na cartilha de quem deve oferecer segurança não há (ou não deveria existir) exigências para rispidez, grosseria ou intransigência.
Crianças perdidas dos pais. Mulheres desoladas. Jornalistas com hematomas. E, sim, policias feridos pela confusão que os próprios instalaram (muita semelhança ao que ocorreu no Maracanã). Podemos constatar que há uma falta de preparado e civilidade por parte de quem deveria apenas defender.
Hoje, fala-se muito em formar pessoas com espírito crítico e participativo, mas é importante que se compreenda que este processo não se concretizará numa educação para o conformismo, e sim voltada à liberdade e à autonomia. Eu, Júlio Nascimento, cansei de tamanha arrogância de alguns PMs dentro dos estádios de futebol.
(Crônica de Júlio Nascimento)