Marcelo Chamusca quer transformar o banco de reservas em extensão da arquibancada. Isso é ruim?

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O torcedor do Guarani gosta de treinadores adeptos da tese de “vestir a camisa”. Exibir percepção de um torcedor sofrido após tantos rebaixamentos faz bem e traz conforto. Melhor: produz uma “poupança involuntária” para tropeços futuros.

Marcelo Chamusca aprendeu a lição. Além de líder do Grupo B na terceirona, o treinador aproveitou a promoção de ingressos a partir de quarta-feira para incutir um discurso otimista. Vencer o Guaratinguetá foi o carimbo que faltava. “Foi uma decisão correta (a promoção de ingressos). Vamos encher o campo. Eu já peço a nossa Torcida que acredite no trabalho e no que está acontecendo. Não fique com esse pessimismo de que em 2013 ou outro ano foi assim. Não pense nisso, pense no agora. O Guarani tem 21 pontos e precisa muito do seu torcedor gritando como foi hoje e apoiando para que a gente venha chegar aos 24 pontos”, analisou Chamusca.

No seu discurso, existia uma clara tentativa de encurtar a distância com as arquibancadas. “Apoiem o time e façam com que a gente continue nessa levada positiva, de bons resultados e em consequência disso tudo a gente consiga nosso objetivo junto com o Torcedor porque isso é o mais importante. O futebol e o Guarani só existem porque existe o torcedor e nunca podemos menosprezar isso”, arrematou.

Não é a primeira vez que um treinador vira embaixador do otimismo no Guarani. Um dos pioneiros atende pelo nome de Luiz Carlos Ferreira. Em 2005, o Alviverde vivia uma crise técnica e financeira. Estava na zona do rebaixamento da segundona nacional e a contratação de Ferreira serviria apenas para permanecer. Ele fez muito mais e na reta final da fase classificatória convocou a torcida para o duelo decisivo contra o Avaí, que com ingressos a cinco reais possibilitou um público de 30.575 torcedores.

Classificação assegurada, o passo seguinte foi a de colocar faixas motivacionais em frente da bilheteria e que tinha os dizeres: “Bugrinos, acreditem: nós vamos classificar!”. O incentivo foi insuficiente para obter a classificação no grupo com Náutico, Portuguesa e Marília. Terminou em quarto lugar com quatro pontos. No geral, o saldo de Ferreirão foi positivo, com 10 vitórias, quatro empates e sete derrotas. E saiu de cabeça de erguida. Chamusca quer mais do que esse espólio. Pode conseguir.

(texto, reportagem e análise feita por Elias Aredes Junior)