Marcelo Lomba e Renato Cajá: um foi feliz na Ponte Preta. Outro quer fugir do Majestoso. Como explicar?

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Se existe algo positivo criado por Deus é o livre arbitrio. Você toma a decisão que melhor lhe convém e depois arca com as consequências. Em contrapartida, nada é pior do que viver uma situação que não estava na sua programação. Faço tal introdução para enfocar dois personagens pertinentes na história recente da Ponte Preta e que vivem instantes distintos: o goleiro Marcelo Lomba e o armador Renato Cajá. Ambos, aliás, estão com o Bahia pela Série B.

Existe uma diferença no comportamento dos dois. Em entrevistas e conversas de bastidores, Marcelo Lomba  deixou clara a sua predileção em continuar em Campinas após o final do período de empréstimo no ano passado. Lutou, conversou, dialogou com dirigentes do tricolor baiano e no final das contas precisou retornar para Salvador. Seu talento e categoria são indiscutíveis e partidas memoráveis apareceram nesta temporada.

Pena, o cenário não apaga que algo parece patente. Lomba não mostra-se feliz, entusiasmado ou com tesão. Seu comportamento está longe do arqueiro ágil e falante dos tempos de Moisés Lucarelli. Não sou advinho e nem profeta ou sequer conversei com ele, mas posso apostar: Lomba queria jogar a Série A pela Macaca. Não só pelo nível da competição, mas pela identificação que teve com o clube e a cidade de Campinas. Vive indiretamente as consequências de um dos resquícios da lei Pelé: a de cumprir um contrato sem poder ministrar de modo pleno a sua vida. Nunca esqueça: foram os dirigentes do Bahia que requisitaram a sua presença e não o contrário.

Se Marcelo Lomba declara pelos gestos, comportamento e rendimento no gramado demonstra uma vontade de querer voltar à  Ponte Preta, Renato Cajá parece querer fugir do Majestoso.

Não dá para entender. Nem uma suposta ambição financeira explica. Pegue a sua trajetória profissional, com passagens por Gremio, Botafogo, Vitória, Ponte Preta e agora na Ponte Preta. Nestas camisas, o armador teve seus lampejos e instantes de felicidade, mas só na Macaca ganhou projeção e status. Inclusive com destaque para seus gols. Só na Macaca dirigentes e uma parte da torcida mostraram paciência para esperar sua entrada em forma e jogos de alto nível. Apenas em Campinas dirigentes movem mundos e fundo para contar com seu futebol e seu comportamento introvertido. Que ninguém se engane: o Bahia paga o salário de Cajá como encaminharia para qualquer um do seu padrão técnico. Na Macaca, o sacrifício para contar com seu futebol sempre foi latente.

E como ele responde? A cada interesse da Alvinegra, um sentimento de afastamento ou de desdém. Parece o comportamento do filho que renega a mãe e na sua primeira ausência sente o baque. Ao assistir na terça a derrota do tricolor baiano para o Vila Nova, pior do que o rendimento técnico pífio de Cajá foi verificar sua apatia diante da falta de perspectivas.

Ele prefere ser infeliz e disputar o acesso do que ser feliz em uma equipe com sede de ascensão. Enquanto isso, seu companheiro no fundo, no fundo sabe que está infeliz e não vê meios de procurar a felicidade. Cá entre nós: o futebol é louco demais.

(análise feita por Elias Aredes Junior)