Números mostram: é preciso salvar o Projeto Bugrinho. Antes que seja tarde!!

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O torcedor do Guarani tem orgulho de sua história. Suspira quando lembra dos craques e das conquistas do passado. O presente é motivo de tristeza e angústia. Só em uma ocasião o sorriso é aberto de orelha. Duas palavras bastam: projeto bugrinho. Não é à toa. Sem dúvida é o programa mais democrático existente no gramado. É aberto a sócios e não sócios. E o melhor: é um instrumento de cidadania. Que forma cidadãos. Na unidade ligada ao estádio Brinco de Ouro são 260 crianças. Outras unidades espalham os conceitos do projeto no Jardim Guarani, Ouro Verde, Jardim Aurélia e ainda nas cidades de Caieiras, Cachoeira Paulista, Terra Preta (Mairiporã), Hortolândia, Laranjal Paulista. Só na unidade sede são 10 profissionais que se dedicam a receber crianças e orientá-las ao caminho correto. É um case de sucesso.

Por estes valores envolvidos que deveríamos ficar preocupados com os números que constam sobre o projeto na página de Transparência do site social. São números registrados até outubro de 2024 por intermédio de balancetes. Seria melhor contar os números completos de novembro e dezembro? Concordo. Tal ausência não diminui a taxa de angústia e tensão que deveria ser registrado em todo torcedor do Guarani que gosta e aprecia o projeto.

Vamos aos números. Na unidade estádio, durante todo o ano de 2022 foi registrado o valor total de R$ 205.411 reais de receita, sendo que a média arrecadatória ficou em 17.118. O quadro ficou sombrio com os números de 2023, quando a receita totalizou o valor de 91.601. De um ano para outro, a queda de receita foi de 55,40%. O que deveria gerar desespero, preocupação e mobilização dos torcedores bugrinos é em relação aos resultados apurados de janeiro a outubro de 2024. Neste período, o total arrecadado de receita foi de R$ 22.265. O que daria uma média mensal de R$ 2.226. Ao comparar o valor anual de 2023 com a arrecadação apurada e publicada no site oficial o percentual de queda seria de 75,69%. Um assombro.

Tivemos acesso registrada de janeiro a outubro do ano passado. Confira:

Janeiro: R$ 7916,85

Fevereiro: R$ 3.053,60

Março: R$ 3342,50

Abril: R$ 850

Maio: R$ 850

Junho: R$ 1243,56

Julho: R$ 850

Agosto: R$ 850

Setembro: R$ 1600

Outubro: R$ 1708

Pelas informações registradas no site do Guarani, no setor de Transparência, pelo menos em 2024, as 260 crianças matriculadas geraram uma receita média mensal de R$ 2226. Se realizarmos uma simulação com a unidade frequentada por 260 crianças, a mensalidade média seria de R$ 8,56. Mesmo que o clube realize aportes para sustentar o projeto (o que é louvável), os números publicados no site oficial deveriam gerar extrema preocupação.

E se checarmos com lupa o financiamento da estrutura de pessoal? O setor de transparência mostra que 10 pessoas tem empresas registradas para emitirem notas fiscais pelo serviço prestado. A partir das demonstrações financeiras, os profissionais responsáveis por viabilizar o valoroso trabalho no projeto bugrino geram um custo de R$ 214.045 total anualmente. Se a arrecadação total, de janeiro a outubro de 2024, foi de R$ 22265 e o custo salarial é de R$ 214095, sem contar qualquer outro tipo de receita, nós temos um déficit de R$ 191. 780 na operação do Projeto Bugrinho. A pergunta que deveria ser respondida: como esse rombo por coberto? De onde foram tirados os recursos?

Não para nisso. Existem outras perguntas necessárias e que precisariam de respostas e que são as seguintes:

—As crianças que participam do projeto são obrigadas a adquirir o uniforme? E quem vende? A loja oficial?

—De que forma o Conselho de Administração acompanhou a queda vertiginosa de receita? O que foi feito de maneira efetiva para estancar o processo?

—Se foram realizadas medidas saneadoras, quais os motivos pelos quais ela não surtiu efeito?

—Quais os motivos que levam o projeto a possuir uma média de arrecadação por aluno tão baixa?

—Ao fazer a comparação entre aquilo arrecadado de janeiro a outubro do ano passado (R$ 22226) e aquilo que seria necessário pagar os professores e colaboradores do projeto, podemos afirmar que o Projeto Bugrino dá prejuízo? Se ele não dá prejuízo, quais os motivos para se contrapor a esta impressão?

– Para 2025, o setor de transparência do site do Guarani tem uma receita projetada de R$ 360 mil. Um planejamento que gera surpresa diante do resultado deficitário de anos anteriores. Diante disso, cabe a pergunta: o que será feito para sair de um resultado tão baixo para uma projeção tão otimista? E essa projeção é só para a unidade estádio ou para todas as unidades?

Esses dados e questionamentos são necessários porque todo bugrino consciente precisa colaborar para fortalecer um dos projetos mais relevantes dos últimos anos.

Ele não pode ser perdido por falta de planejamento ou projeções irrealistas. Seria um autêntico gol contra.

Acréscimo no texto: Perguntas sobre o assunto deste texto foram enviadas as 08h42 de quarta-feira, dia 12 de março, para serem respondidas pelo Conselho de Administração ou qualquer outro departamento do clube por intermédio da Assessoria de Comunicação. As respostas não foram encaminhadas até as 0h37 desta quinta-feira, dia 13 de março de 2025. Assim como foi dito na Rádio Brasil Campinas, espaço em que a análise/reportagem foi veiculada, o espaço deste Só Dérbi também segue aberto para manifestação do clube.