A derrota dói. Produz vilões. Escancara verdade. Após sofrer a goleada para a Ponte Preta no Majestoso, os torcedores do Guarani entraram em período de reflexão. Muitos daqueles que estão integrados a vida política do clube infelizmente revelaram uma faceta nada nobre e que ajuda a agremiação a entrar neste espiral baixo astral.
O debate e a troca de ideias foi substituída pelos ataques pessoais e agressivos e que chegam a constranger qualquer um que tenha capacidade de entendimento do que é viver em um ambiente democrático. É uma tática licita? Sim, é, especialmente porque muitos políticos fazem carreira por essa trilha. Em médio e longo prazo traz consequências devastadoras.
Temos que ser francos. Tal procedimento foi trazido ao clube pelo ex-vereador e ex-sindicalista Cid Ferreira e que tem como seus pupilos políticos o ex-presidente Horley Senna e o atual mandatário Palmeron Mendes Filho.
Uma contextualização é necessária. Cid foi forjado politicamente no período da ditadura militar. Na ocasião, diante do crescimento das forças oposicionistas e de esquerda, quem adotava o ideário conservador tinha vida difícil. Basta dizer que Campinas neste período só elegeu prefeitos pelo MDB, o partido da oposição.
E o que fazia quem era do campo contrário? Defendia um discurso baseado no medo e na propagação de que o outro lado não tinha qualidades profissionais e pessoais para ocupar posições de destaques. Cid transitou por esse caminho e fez alunos. São fatos. Não há como fugir deles.
Tal escola de debate foi transferida para a vida política do Guarani e suas respectivas redes sociais. No pós derbi poucos ficaram preocupados em apontar possíveis sucessores ao posto de treinador do Guarani. O foco ficou centrado nos ataques pessoais. É fulano que não presta, é você que não sai do muro, é fulano que não vale nada e precisa ser demitido, etc, etc. Desqualificação pessoal é utilizada como caminho. Pode ter dado certo para Cid Ferreira, mas para o Guarani é um terremoto.
O hino do clube afirma que seus torcedores formam uma família. Em condições normais, família saudável prega a unidade e a compreensão como pressupostos para sair das situações difíceis. Inclusive a aceitação de defeitos alheios. Cultuar personalidades e fomentar o ódio contra rivais polticos só vai piorar algo que já é ruim.
(Elias Aredes Junior)