O futebol campineiro repudia o clube-empresa. Ninguém quer Ponte Preta ou Guarani na mão de uma pessoa. Até quando isso vai durar?

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O futebol brasileiro está em êxtase. Ronaldo Nazario tem 90% das ações da Sociedade Anônima do Futebol montada pelo Cruzeiro. Operação feita pela XP. Entre pagamento de dívidas e aportes, o campeão do mundo deverá gastar inicialmente R$ 400 milhões. Procura outros parceiros.

Evidente, o tema chegou aos torcedores de Ponte Preta e Guarani. Dúvida única: os times um dia serão vendidos? Terão dono de fato e de direito?

Independente do destino, considero que tanto o Alviverde como a alvinegra tem a vocação para serem Associações sem fins lucrativos. É o perfil. Até ao se verificar a histórica.

Tanto no estádio Moisés Lucarelli como no Brinco de Ouro, em grande parte da história, a participação dos associados sempre foi efetiva. Clubes fervilhantes. Cada um com seu perfil econômico e social.

A vocação não quer dizer que a possibilidade de virar clube empresa está afastada. Pelo contrário. Nunca os dois rivais estiveram com tamanha fragilidade para permitir que o coelho seja tirado da cartola.

Primeiro, algo em comum: a ausência de dirigentes novos e criativos.

O Guarani tem Ricardo Moisés? Ok, mas ele na condução da gestão está longe da inventividade de um Jaime Silva, Ricardo Chuffi ou mesmo de um Luiz Roberto Zini. É um presidente tarefeiro. Feijão com arroz. Nota 05.

Mas a incompetência dos antecessores (que fizeram gestões próximas a zero) transformaram o atual presidente em quase herói para muitos. Não precisou muita força.

Na Ponte Preta, nem precisamos esticar o papo.

Um grupo político ficou 25 anos no poder e aplicou o pronome Eu do que o Nós.

Resultado: clube parado no tempo, sem melhoria na infra-estrutura e agora com divida astronômica. A ausência de lideranças é tamanha que pontepretanos genuínos tiveram que arregaçar as mangas e formar uma chapa para tentar resgatar o clube. Métodos novos? O tempo vai dizer. Fato é que a nova diretoria tentará fazer a máquina do tempo girar no rumo do futuro e não do passado temperado com rancor. Pelo menos é a promessa de campanha.

Tanto um como outro precisam de um atributo: resultados. Conquistas. Avanços que sejam perceptíveis para a torcida. Por que se prevalecer a mediocridade e o conformismo, tudo pode piorar.

Hoje, a maioria esmagadora de torcedores de Ponte Preta e Guarani e não querem ouvir falar de seus clubes terem um proprietário.

Essa é a situação atual.

E se nada mudar? E se um caminhão de dinheiro surgir com promessa do paraíso? Como evitar que a tentação apareça na mente de bugrinos e pontepretanos?

Essa é a tarefa colocada para os dirigentes de dois clubes centenários e com sede de vencer.

(Elias Aredes Junior-com foto de Álvaro Junior-Pontepress)