O olhar de Totó e seu amor indescritível: a Ponte Preta

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O senhor mora no céu”, respondeu Seu Américo Zeferino Bissoto, ou apenas Totó, quando o abordei para a matéria especial sobre ele.

Realmente. O “status” de senhor, não cabe para esse jovem de alma, ávido pela vida e por sua principal paixão: a Ponte Preta.

Esse jovem de 67 anos, não mede esforços para acompanhar a macaca em todo canto que ela joga. Totó garante não fazer ideia de quantos jogos acompanhou a Ponte direto dos estádios Brasil a fora.

Paixão sem limites

Antes mesmo que eu ousasse perguntar, a resposta sobre os custos com tudo isso veio já como um aviso. “Não

Totó e a paixão pela Ponte Preta em suas múltiplas formas
Totó e a paixão pela Ponte Preta em suas múltiplas formas

sei. Não quero saber e tenho raiva de quem quer”, disse Totó que é empresário no ramo de agropecuária na cidade de Vinhedo-SP. Ele tem um estabelecimento famoso na cidade em frente à sua casa, onde foi aberta as portas para que o SoDerbi conhecesse o “Cantinho da Macaca”. Ali ficam praticamente todas as lembranças da vida de torcedor e uma coleção incontável de cachaças, que dá um ar bacana ao espaço, com tamanho suficiente para guardar memórias inesquecíveis.

Ponte Preta x Portuguesa Santista: o começo de tudo

A história entre Totó e Ponte completou 50 anos em 2015. “Primeiro jogo em 65. Ponte Preta X Portuguesa Santista. A Ponte precisava de um empate pra subir. Perdemos de 1 x 0, gol de Samaroni. Deu briga, a torcida da Ponte brigou inteira entre ela. Meu Deus do céu, que torcida, pensei.”, disse Totó que em 1967 já era sócio. Em 1969 viu o primeiro acesso como torcedor.

Superação como combustível da paixão

Cego do olho direito desde os seis meses de idade, Totó sempre preferiu o olhar da arquibancada. Talvez pela sensibilidade adquirida por sempre enxergar com apenas um olho, a visão do estádio seja mais confortável para ele, que não vê muita graça no futebol atual na era do Pay-Per-View.

Apesar da limitação na vista, nada é empecilho para Totó. Ele dirige até hoje e não se importa de viajar sozinho para acompanhar sua paixão.

Totó quer sempre ver com o próprio olho. E crê que ver de perto é ver dobrado.

Por isso, perdeu poucos jogos da Ponte nos últimos 30 anos.

Dérbi com orgulho

Ele quer o clássico de volta. Seu desejo será atendido?
Ele quer o clássico de volta. Seu desejo será atendido?

Quando o assunto é Dérbi, o orgulho bate no peito. Totó garante que perdeu apenas um, desde que começou a peregrinar nos estádios pelo mundo atrás da Ponte Preta. “Foi em 79. Batizado da minha filha. A esposa marcou e
não teve jeito. Fiquei só no radinho, mas ganhamos por 1×0 – gol de Barrinha.

Na campanha do acesso em 2011, Totó perdeu apenas um jogo, em Duque de Caxias. Mesmo assim não esquece que a vitória veio com um gol de calcanhar de Ricardo Jesus, num 3 a 2 emocionante.

Gilson Kleina, o amigo eterno

Ele conta que a empolgação em 2011 começou depois de ir para Roraima, na estreia da Ponte na Copa do Brasil em Boa Vista, contra o Baré. “O time adversário chegou de moto e nem veio fazer o jogo da volta porque não tinha dinheiro pra inscrição na CBF.” , lembrou Totó, que teve seu primeiro contato com até então técnico da macaca, Gilson Kleina, com quem mantém bom relacionamento até hoje.

Vilhena-RO, Itabaiana-SE, Sapucaia do Sul-RS, Imperatriz-MA, Salgueiro-PE, Juazeiro do Norte-CE… A lista de cidades e jogos alternativos de Totó é enorme. Mas a maior aventura proporcionada pela Macaca ele jamais vai esquecer. (veja o outro post sobre o tema)

(Texto e reportagem: Paulo do Valle)