Totó, o desbravador da América

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Atravessar o País atrás da Macaca fez Totó conhecer mais afundo a cultura e a beleza do Brasil. Mas a América só conheceu essa personalidade pontepretana em 2013, ano em que o continente também conheceu a Macaca de Campinas.

O fato de ser um viajante, não fez com que Totó tivesse sua curiosidade atiçada para extrapolar fronteiras. O que ele gosta mesmo é de viajar acompanhado de sua Nega Véia. E precisou ela sair do Brasil, para que ele fosse atrás.

Primeiro a Colômbia. Destino: Pasto. 

Neste pequeno espaço, Totó coloca o seu mundo. Uma história com apenas uma protagonista, a Ponte Preta
Neste pequeno espaço, Totó coloca o seu mundo. Uma história com apenas uma protagonista, a Ponte Preta

Logo de cara um perrengue. Um jeito peculiar de estrear internacionalmente. “Não tinha passaporte. Fui só com o RG e não me queriam deixar entrar”, relembra Totó. No final deu tudo certo. Totó entrou na Colômbia e voltou de lá classificado, com o time que se segurou contra o Deportivo Pasto (0x1), após ter vencido em casa por 2 x 0.

Velez, missão impossível?

A próxima parada seria na Argentina. Ainda sem passaporte, mas sem perrengue, a viagem inicialmente seria apenas uma deixa para conhecer a beleza e a cultura dos Hermanos, já que dentro de campo a missão parecia quase impossível: passar pelo Velez Sarsfield em pleno caldeirão de José Amalfitani. E não é que Totó fez história com a macaca? Ele e aproximadamente mil pontepretanos foram conhecer a Argentina, mas foram os hermanos que conheceram a força da Macaca e sua torcida apaixonada. “Eu fui lá pra conhecer. Se empatasse já seria histórico. Os caras arrebentaram. Rildo, Elias, Magal, Sacomam. Quem diria!”, relembra o jogo épico em que a Ponte venceu por 2 x 0.

 

A saga pelo título

Totó nem se preocupou com o passaporte. Mas se soubesse que faria tantas viagens internacionais, poderia ter se precavido, já que antes de 2013 acabar, ele sairia do Brasil pela terceira vez no ano, terceira vez na vida. Iria para Buenos Aires pela segunda vez em menos de um mês. Só mesmo a Ponte Preta para realizar esse tipo de feito.

Dessa vez a história era outra. Totó não queria mais conhecer a Argentina. Ele e mais quatro mil pontepretanos queriam o título da Copa Sulamericana.

A debutante Ponte Preta foi para Lanús, situada na grande Buenos Aires, sonhando em fazer história. O sonho virou pesadelo. Após o empate heroico no Pacaembu (1×1), veio a realidade e a derrota por 2 x 0, num jogo que insiste em ficar na memória do pontepretano.

Premonição antes da decisão

Antes da final, Totó revela que não se sentiu bem com relação ao jogo, prevendo que o pior estava por vir. “Nossa

Sul-Americana, Brasileirão ou Paulistão. Para Totó, a beleza do futebol está nos detalhes
Sul-Americana, Brasileirão ou Paulistão. Para Totó, a beleza do futebol está nos detalhes

turma foi com muita sede. Não é bem assim”, relembra a empolgação que afetou a diretoria e comissão técnica que entrou no oba-oba. Outro fator apontado por ele para a perda do título foi nas escolhas do técnico Jorginho. “O time jogou muito pouco. O time deles não era tão bom. Coloca o Sacomam na esquerda. Deixa o Bob no meio”, relembrando as escolhas de Jorginho que não pode contar com o lateral Uendel, suspenso.

A frustração com a perda da Sulamericana e também da Série B em 2014, não abalaram a fé de Totó que não deixou de viajar acompanhando a Ponte. Inclusive, no meio do ano passado, foi obrigado a, enfim, tirar o passaporte. A missão agora era acompanhar a Macaca nos Estados Unidos, em Orlando na Flórida, onde a Macaca fez amistosos contra o Orlando City, time de futebol da MLS. Nada mal conhecer o Mickey e de quebra assistir um futebol, não?

Um personagem único do futebol brasileiro

No futebol brasileiro atual, são poucos que se dispõe a fazer o que Totó faz pelo seu time do coração, soando como uma antítese ao modelo atual, onde o pay-per-view aproximou o torcedor do seu clube onde quer que ele esteja, mas o tirou do estádio, onde sua presença se faz mais do que necessária.

O pay-per-view matou o torcedor de futebol”, arrematou Totó.

Mesmo que o torcedor de verdade tenha morrido, dando lugar a uma nova leva de “sofánaticos”, o futebol ainda respira por causa de pessoas como Totó, que não deixam a chama da esperança se apagar.

(reportagem, texto e fotos: Paulo do Valle)