Os pontos positivos da chegada do goleiro Aranha na Ponte Preta. E que você nunca pensou!

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A contratação do goleiro Aranha gerou  repercussão e polêmica na torcida da Ponte Preta. Apesar de encontrar-se integrado ao Joinville e em ritmo de jogo, o temor é de que esteja fora de forma e demore para ser titular absoluto e apuro frutos positivos neste Brasileirão. Pois eu acho que tais receios não impede de olharmos outros pontos positivos no retorno do atleta revelado pela própria Macaca.

O primeiro fator é a identidade. Aranha não vai precisar fazer curso de adaptação. Não tem a necessidade de realizar estudos em relação as características do torcedor da Ponte Preta. Nem ter receio quanto ao relacionamento diário com os dirigentes e até o treinador. Aranha já conhece a todos. A Ponte Preta é diferente? Mudou após sua saída em 2009? Concordo. Pura Verdade. Mas nada é melhor do que se sentir em casa, saber que não haverá reprovação caso alguma atitude intempestiva for tomada. Aranha conhece a Ponte Preta. A Macaca conhece Aranha. Isso conta. Muito.

A experiência do arqueiro não pode ser desprezada. Nos últimos sete anos atuou por Atlético Mineiro, Santos e Palmeiras. Times de ponta, estruturados, com bom poderio financeiro e com ambição de títulos. Aranha viveu em locais de trabalho focados na excelência e na busca de resultados. Sabe e reconhece os atalhos. Pode ser vital, por exemplo, na Copa do Brasil. Encontrar maneiras de parar o Galo Mineiro é o sonho de qualquer torcedor pontepretano. Aranha tem todos os instrumentos. Certamente saberá usá-los.

O terceiro é principal motivo para comemorar a contratação de Aranha vai muito além do futebol. No dia 28 de agosto de 2014, Aranha atuava pelo Santos em jogo da Copa do Brasil contra o Grêmio. Um grupo de torcedores gremistas utilizaram insultos racistas contra o jogador. Ele reagiu. Pediu providências da arbitragem. Não prestou queixa na Polícia, mas foi o suficiente para eliminar o tricolor gaúcho da competição nacional.

O que a Ponte Preta tem a ver com isso? Tudo. A alvinegra campineira é um símbolo na luta contra a discriminação racial no futebol. Miguel do Carmo foi o primeiro negro a jogar profissionalmente no Brasil. A alvinegra, por sua vez, por anos e anos era humilhada e insultada pelos estádios do interior do estado de São Paulo. Motivo: a maioria de seus torcedores eram negros.

O retorno de Aranha deveria servir de estopim para que institucionalmente a Ponte Preta assuma sua missão e identidade. Um clube forjado nas camadas populares e que sirva como abrigo da luta contra a discriminação racial. A chegada de Aranha  reforça o recado: está na hora da Ponte Preta não só lutar por títulos e sim assumir o seu papel em uma sociedade cada vez mais conservadora, xenófoba e racista.

Com Aranha no gol, essa missão terá que ser cumprida. Detalhe: isso não requer a participação do goleiro em campanhas institucionais e nem declarações de sua parte. Nem vai precisar. Por um motivo: com Aranha, a omissão da Ponte Preta neste tema passará a ser crime inafiançável. Minha crença é de que tal cenário não acontecerá.

(análise feita por Elias Aredes Junior)