Para empreender uma reação política e administrativa na Ponte Preta, Tiãozinho anuncia contratação de Renatinho. Quem vai pagar a conta?

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A questão campo e bola não explica unicamente a contratação de Renatinho por parte da Ponte Preta. Tecnicamente não há o que contestar. Se estiver em forma, o jogador vai acrescentar no elenco comandado por Fábio Moreno.

Ser contratado por um valor baixo ou simbólico não afasta o fato de que o atleta foi contratado por um clube em uma situação financeira dramática. O orçamento proposto pela própria diretoria da Ponte Preta encaminhou uma proposta que, entre receita e despesas, o déficit é de R$ 12 milhões. Como vai equilibrar? Ninguém sabe.

Sem um aporte financeiro, a contratação beira a loucura sob o ponto de vista financeiro. Independente do valor salarial. Quem está no sufoco, até para comprar uma bala vive um drama. Uma contratação, alias, costurada desde que o jogador desembarcou para utilizar as instalações do Majestoso para ficar em forma.

Então, o que motivou a medida?

Os bastidores entram em campo. Analisaremos os dados apurados ou que estejam colocados em público.

Vamos ao principal: Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, é um presidente debilitado sob o ponto de vista político e de realizações. Teve um balanço financeiro aprovado e com alta taxa de ressalva (aproximadamente 72%) e foi abandonado pelo grupo político de Sérgio Carnielli na votação.

Uma armadilha que, alias, ele soube se safar. Inclusive ao constranger administrações anteriores com as revelações das negociações de Camilo e o fatiamento dos direitos econômicos de Ivan. Tal virtude não ameniza o fato de que é um presidente fraco no aspecto político e sem conexão com as bases. Leia-se torcida.

Tiãozinho é, antes de tudo, um político. Nenhum demérito. Trabalha as 24 horas do dia com o instinto de sobrevivência ou de perpetuação no poder. Na entrevista realizada no Correio Popular, o atual mandatário não descartou concorrer a reeleição. Até por uma questão estatutária Sérgio Carnielli está impedido de concorrer. Ou seja, o campo situacionista está aberto. É preciso ocupar espaço.

A contratação de Renatinho lhe fornece diversos dividendos. Todos positivos. A torcida esquece por um momento a eliminação na Copa do Brasil, o dirigente ganha uma áurea de que não está parado e renova a esperança de que tudo será diferente daqui em diante.

Uma estratégia que resvala no populismo. Ele não tem saída. Ou tomava alguma atitude ou caminhava para entrar para a história como um personagem irrelevante na Macaca.

Vai dar certo? Do lado do jogador não há como deixar de ter uma perspectiva positiva, apesar de residir fora do Brasil há anos. Quanto a Tiãozinho, sem resolver o rombo nas contas do clube, o que é festa hoje pode virar depressão no futuro. Que não esqueça.

(Elias Aredes Junior)