Pintado e uma reflexão sobre a vida útil do treinador de futebol

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Nesses anos todos (mais de 15) como jornalista, e atuando no segmento do esporte, carrego comigo uma pergunta ainda sem resposta definitiva: qual a vida útil de um treinador?

Escuto, incansavelmente, torcedores debaterem sobre o tempo de permanência do técnico quando os resultados não acontecem. Em geral, predomina a impaciência. Ninguém, em sã consciente, quer ver o time correndo o risco de ser rebaixado. Afinal, se não deu liga, para que insistir?

Penso na química. Será o relacionamento entre treinador e elenco como o de qualquer casal? Tem que ter aquela pré-disposição? Tem que ter química, antes mesmo de se conhecerem?

Por outro lado, os que ganham a vida com o universo da bola pregam cautela com o assunto. Afinal nem sempre é possível colocar a casa em ordem em poucos dias. Até porquê essa é uma equação fácil, depende de vários fatores. Não basta disposição. É preciso ter como arrumar as coisas. Não basta querer guardar a louça se não existem armários ou o que quer que te possibilite arrumar a cozinha.

Analiso aqui sobre a permanência de Pintado no Guarani. A série de três derrotas consecutivas, a falta de reação do Bugre, o desespero dos torcedores. Na resistência do treinador em admitir que, sim, há um problema além dos tropeços. Sim, é preciso reconhecer que esse relacionamento está em crise. Um quadro que dificilmente vai mudar mesmo com uma vitória diante do Votuporanguense.

Olhando o mercado como um todo, a resposta para o tempo de vida útil de cada treinador só pode ser dada analisando cada caso. Depende de uma série de fatores. Não só de análises de placar.

Às vezes, o casal tem química. Precisa de tempo para ajustar comportamento. Entrosar-se. Não me parece ser o caso de Pintado com o Guarani. O relacionamento, que até parecia engatar, desandou. A química não rolou. O temperamento de ambos – comissão técnica e elenco – não encaixou. E, por mais que insistam, essa parece ser uma relação de fim próxima. Repito: mesmo com a obtenção dos três pontos diante do Votuporanguense.

E de que lado ficar? Se o maestro não se acerta com os músicos qual o caminho mais fácil? Trocar todo mundo ou somente o comando? Diante dos últimos resultados, da falta de liga do Guarani com sua comissão técnica, das atuações fracas e da iminência de uma crise cujo ápice é o medo de cair para a Série A3 do Paulista (que não faz jus ao Guarani) eu diria que Pintado deveria pegar seu banquinho e sair.

Porém, o fim da vida útil de Pintado não significa dias melhores. É preciso que a diretoria saiba trazer alguém no perfil do elenco que contratou. Será que já buscam? Será que essa diretoria é capaz de provar seu talento de “cupido”? Eu acho que não!

(análise feita por Adriana Giachini-Foto de autoria de Rodrigo Villalba-Memory Press)