Quinta feira dolorida. Não há torcedor da Ponte Preta que não esteja chateado pela eliminação na Copa do Brasil. Abriu vantagem de 2 a 0 e em 13 minutos viu tudo desmoronar. Diante de um Atlético Mineiro talentoso, é verdade, mas mal posicionado e treinado. A torcida é vítima neste enredo e queiramos ou não os jogadores e a comissão técnica tem sua parcela de culpa. E não é pelos gols perdidos e sim pela mudança de postura no confronto.
Pegue o video tape e confira: no primeiro tempo, a equipe da Ponte Preta empreendia uma marcação tão eficiente que tanto Leonardo Silva como Erazo por vários minutos ficavam tocando a bola na defesa e sem alternativa.
Por que? Pratto, Robinho e Otero estavam cercados e sem opção de jogada. Tanto que na prática o primeiro gol surgiu de uma pixotada de Leonardo Silva gerada pela falta de opção de criação.
O Atlético Mineiro ficou tão submetido ao cerco pontepretano que Aranha terminou a etapa inicial com duas ou três defesas sem qualquer nível de dificuldade.
Vem o segundo tempo, o Atlético Mineiro lançou-se ao ataque e apesar da eficiência do volante Rafael Carioca, não havia cobertura eficiente aos zagueiros e aos laterais Fábio Santos e Carlos César. Lançamento de Galhardo para o golaço de Felipe Azevedo teve o mérito de explorar este problema de marcação.
Vantagem construída, adversário batido, classificação encaminhada. Tudo certo? Nada disso. A partir dos 25 minutos, a estrutura desabou. Por que? Dois fatores foram decisivos. A primeira surgiu aos 10 minutos do segundo tempo com a entrada de Elton no lugar de Galhardo, lesionado. Por mais que se esforçasse, o volante recém-recuperado não tem o toque diferenciado acoplado com o poder de marcação que exige o futebol moderno.
A dúvida que fica: Thiago Galhardo é o único meia com capacidade de marcação? João Guima e Ravanelli não têm capacidade para cumprir tal função? Se eles não tem porque são colocados como opção de banco, já que o próprio técnico já deixou claro em entrevistas coletivas que os armadores na sua concepção precisam demonstrar poder de marcação? Pois é.
A verdade nua e crua é que a Ponte Preta perdeu o poder de criação que tinha para fustigar a zaga atleticana e dar o suporte ao trabalho de Maycon e do volante João Vitor, acima do tom nas faltas. E aos 24min mesmo que involuntariamente, ao tirar Felipe Azevedo e colocar Jeferson, o técnico pontepretano retirou a última centelha de criação da equipe. Roger é um definidor e Clayson estava em péssima noite.
O que aconteceu? Atlético Mineiro sem ser incomodado passou a contar com dominio de bola e encontrou uma maneira de exercer criatividade no gramado, pois Cazares estava em ação desde os 12 minutos do segundo tempo e Robinho e Pratto começaram a se movimentar com liberdade. Prova disso começou no gol anotado por Pratto. Em algum momento, antes dos 29 minutos do segundo tempo, o centroavante atleticano teve a liberdade que recebeu no lance? Não, não teve.
E o gol de empate? Dátolo (outra opção criativa) bate o escanteio e de quatro a cinco jogadores da Macaca não marcavam ninguém. Repito: ninguém. Por que o fato é grave? Porque as jogadas de bola parada são treinadas, ensaiadas e o posicionamento por vezes é marcado. Como tantos jogadores pontepretanos vacilam em um lance de prévio conhecimento? Robinho só aproveitou o vacilo imperdoável.
Construída a tragédia, as desculpas são enumeradas nas entrevistas coletivas, nas mesas de bar e nas redes sociais. O que Eduardo Baptista e os jogadores deveriam aprender é que uma partida de futebol bem executada é semelhante a um download de aplicativo de computador: não adianta interromper a evolução da barra de instalação com 70% ou 80%. O programa não vai funcionar. Só funciona com 100%.
Infelizmente, a Macaca caiu na ilusão de que se jogasse em alto nível por 70 ou 75 minutos conseguiria vencer um time de folha milionária e com jogadores de altissimo gabarito. Que a lição fique fixada na mente de Eduardo Baptista e dos jogadores.
(análise feita por Elias Aredes Junior – Fotos de Fábio Leoni-Ponte Preta)