Times pragmáticos e sem brilho. O fim do sonho no futebol campineiro

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Pegunte a qualquer torcedor do Flamengo sobre seu time inesquecível e ele dirá a formação titular que venceu tudo na década de 1980. Apareça de repente na cara de um torcedor do Grêmio e ele saberá quem vestiu as camisas titulares nas conquistas da Libertadores.

O Fluminense, por sua vez, sabe que o seu torcedor é grato aos atletas que venceram Brasileirões e aqueles que tiraram do rebaixamento certo em 2009.  Fato é que vitórias e boas campanhas produzem memória afetiva. Jogadores ficam na mente e nos empurram a amar este esporte louco e imprevisível chamado futebol. Sem contar a crise de estrutura e financeira, o futebol campineiro tem outro sério problema: o torcedor deixou no passado as recordações doces. O torcedor do Guarani repete feito matraca o titulo de 1978. Na Ponte Preta, o disco está riscado em 1977.

Para não ser rígido digo que os últimos dois times que criaram laços eternos no torcedor campineiro foram a formação alvinegra vice-campeã na Copa Sul-Americana em 2013 e o Guarani vice-campeão paulista de 2012.

Qual o sintoma principal? É quando o jogador é protagonista. Na Macaca, a campanha eternizou o goleiro Roberto, o volante Fernando Bob e o armador \volante Felipe Bastos. No Guarani, é lembrar do ano de 2012 e recordar de Medina, Fabinho, Fumagalli e (por que não?) Domingos, apesar do trabalho estupendo e fora de série de Oswaldo Alvarez, o Vadão.

De lá para cá ficamos na dependência dos técnicos. Em 2014, o acesso foi obra de Guto Ferreira e o vice-campeonato paulista de 2017 de Gilson Kleina, que soube explorar a velocidade de Clayson e William Pottker; o Guarani campeão de 2018 é, antes de tudo, obra de Umberto Louzer, que teve até instantes de brilho, mas muito longe de fazer o torcedor guardar os jogadores na memória para sempre.

Por que tal distinção? As outras equipes foram eficientes, mas que nunca encantaram, não produziram sonhos e esperanças ao torcedor bugrino e ao apaixonado pontepretano. Se o resultado vinha, mérito do técnico; se ele não acontecia culpa do treineiro. O jogador virava apenas um acessório para cumprir aquilo que estava na prancheta. Acaba-se com o improviso, a jogada diferenciada, o lance surpreendente.

Este Só Dérbi defende de modo intransigente a modernização dos clubes campineiros. Dentro e fora do campo. Mas todo esse trabalho só terá sentido com jogadores qualificados, capazes de empolgar e conceder argumento para que o pai leve seu filho a seguir uma paixão centenária. Chega de coadjuvantes de luxo. O futebol campineiro quer e precisa de protagonistas.

(análise feita por Elias Aredes Junior)