Um abecedário para entender o rebaixamento da Ponte Preta à Série C de 2025

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A queda da Ponte Preta à Série C não foi por acaso. Uma série de fatores levou a esse final humilhante. Confira o abecedário do rebaixamento:

Absolutismo– No dicionário, é o Monarca que tem o poder absoluto. Na Ponte Preta, o presidente Marco Antonio Eberlin não abre de suas prerrogativas e manda de maneira plena. Infelizmente, perdeu a chance de repartir o poder, o que poderia abrir novos caminhos para evitar o rebaixamento. Afinal, duas cabeças pensam melhor do que uma.

Brigatti- O ex-goleiro e atual coordenador de futebol, montou o time no início do ano, saiu, voltou e taticamente não conseguiu resolver os problemas crônicos da equipe.

Capacitação- Apesar de serem técnicos formados, nem Nenê Santana ou Edson Boaro não possuem a licença fornecida pela CBF para assinarem a súmula como treinadores nos jogos contra Brusque, Mirassol e Paysandu. Um constrangimento evitável.

Drible- Convenhamos: foi um artigo raro na equipe. Existiam velocistas como Iago Dias e Matheus Régis ou jogadores com grande capacidade técnica como Elvis. Mas faltou alguém capaz de arrancar com a bola e furar retrancas. O mais próximo disso foi Dodô. Pouco.

Élvis-O camisa 10 foi solução e problema. Se com a bola no pé ele tinha capacidade de colocar os companheiros na cara do gol, de outro lado a sua falta de mobilidade atrapalhava a marcação no meio-campo.

Frustração– É o sentimento presente no torcedor pontepretano. Como imaginar que uma equipe com 26 pontos no primeiro turno fosse capaz de cair de ponta a cabeça e somar apenas 12 no turno final? Tem certos fatos que não há como explicar.

Gabriel Risso- O argentino teve lampejos no Campeonato Paulista e passou a viver uma gangorra na Série B, cujo patamar mais baixo foi a sua expulsão diante do Paysandu.

Heitor Rocca- Contratado devido a suas atuações na Copa Paulista foi uma decepção na maioria dos jogos.

Jean Carlos- Sofreu uma lesão grave e foi uma baixa grave tanto para a lateral esquerda como para o meio-campo.

Ineficiência- Esta característica pode ser creditada a mesa e aos componentes do Conselho Deliberativo. Pelo estatuto, é o órgão mais importante da Ponte Preta. Mas ficou paralisado e sem iniciativa em boa parte da competição. Não cobrou. Seus conselheiros pouco se mobilizaram nas redes sociais. Decepção.

Jeh- O centroavante foi mocinho e vilão durante a Série B. Foi afastado por não ter cabeça para suportar o assédio do Santos e depois retornou e fez gols importantes, inclusive no dérbi do turno inicial. Teve uma lesão séria, se tratou, jogou o Dérbi no Majestoso, foi expulso de modo infantil e depois não voltou mais por agravamento da lesão.

Lentidão- A palavra é utilizada para explicar o comportamento sem sentido da Macaca durante a janela de transferência. Foram apenas quatro contratações. Quantia escassa diante de uma competição tão complexa.

Marco Antônio Eberlin: Considerado por parte da torcida como principal culpado pelo rebaixamento. Uma culpa inflada por seu posicionamento na opinião pública, pois muitos consideram suas intervenções ríspidas, o que gera rejeição.

Nelsinho Baptista- Como um profissional que comandou o time por 25 rodadas não tem parcela de responsabilidade? Basta dizer que só conseguiu vencer um jogo fora de casa, contra o CRB.

Oposição-Após a queda consumada, surgiu com a receita do sucesso. Direcionou críticas (com razão) a gestão pífia do futebol pontepretano. No entanto, como dar nota 10 para um grupo político que também colheu rebaixamentos na Série A do Brasileiro em 2006, 2013 e 2017, além de campanhas decepcionantes na Série B em 2019 e 2021? Sem contar camisa fora do estatuto, elitização, etc. Moral da história: nesta novela pontepretana não existe mocinho. Só vilão. E quem paga o pato é a torcida.

Preparação de goleiros: Pedro Rocha e Luan Ribeiro falharam em diversos jogos da Série B. Erros que produziram derrotas. Eles são responsáveis? Sim. Mas não há isentar os preparadores Lauro Batista e Diego Xau. Se os erros não foram amenizados ou corrigidos, algo aconteceu. E os preparadores precisam refletir.

Quem fala?. No auge do declínio técnico, a Ponte Preta ficou dias e mais sem permitir uma entrevista coletiva. Não, não culpe a assessoria de imprensa. Eles só obedecem ordens. Dito isso, o óbvio: o presidente Marco Antonio Eberlin deve uma explicação por tal atitude. Informação é uma prestação de serviço.

Ricardo Koyama: Ele está há tempos dentro da estrutura do futebol profissional. Não declara, não explica e não enfrenta os microfones. Seria o mesmo que Alexandre Mattos não falar no Cruzeiro. Ou que Marcos Braz não justifique suas atitudes  pelo Flamengo. Você entende? Nem eu.

Sérgio Raphael: O beque oriundo do Nova Iguaçu resume o que foram os zagueiros da Macaca na Série B: dedicados, esforçados, mas muito limitados na parte técnica. Não foi à toa que o time encerrou com 55 gols sofridos.

Torcida: A principal vítima deste show de trapalhadas protagonizada por dirigentes, jogadores e Comissão Técnica. Pior: ela se sente impotente para reagir.

Unidade: Algo inexistente na esfera política. É lobo que come lobo. Dirigentes vão entrar e sair e a confusão continuará a mesma.

Vertigem: Palavra que significa sensação de desfalecimento, desmaio ou fraqueza. Como o torcedor pode se sentir forte diante de tantos acontecimentos negativos? Não dá.

Xerife: O técnico Nelsinho Baptista acreditou que Matheus Silva poderia ser esse líder. Não foi. A torcida apostava que seria o boliviano Luis Haquin. Não teve chance. No final, todos ficaram de mãos abanando.

Zero- É a nota que muitos dão para o trabalho no Departamento de Futebol Profissional em 2024. Solução? Zerar tudo e evitar erros em 2025. Não custa sonhar.

(Elias Aredes Junior-Com foto de Diego Almeida-Pontepress)