Um aviso aos jogadores do Guarani: futebol também é jogado com o cérebro

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Já contei tal história por diversas vezes e vale a pena ser repetida. Em determinado dia, assistia ao programa de entrevistas de Marilia Gabriela no SBT, o “De Frente com Gabi”. Na berlinda, o técnico Tite, comandante atual da Seleção Brasileira e que na ocasião desfrutava da popularidade gerada pelo título da Copa Libertadores e Mundial. A jornalista pergunta se o elenco corinthiano foi o melhor com quem já trabalhou e sua resposta foi instigante: “Não foi o melhor, mas foi o mais inteligente”.

Repriso este episódio e projeto foco no Guarani. A queda de produção na Série C provocou cobranças sobre o técnico Marcelo Chamusca. Torcedores protestaram pela derrota para o Mogi Mirim e a falta de criação no meio-campo. Não há criatividade ou jogadas mirabolantes. Os lampejos desapareceram após a lesão de Denis Neves e o deslocamento de Lenon à lateral-direita em lugar de Daniel Damião, que agora ficará longo tempo no estaleiro.

O que espanta é a falta de atitude no gramado. Os jogadores parecem robôs a espera de uma reprogramação. Não há sentido nisso. Até pelos atletas envolvidos. Leandro Amaro e Ferreira não são apenas bons zagueiros. Demonstraram na terceirona uma capacidade única de antever as jogadas e detectar as armadilhas dos oponentes, especialmente nas jogadas de bola parada. Por que tudo isso diminui nos últimos 180 minutos?

Pipico, por sua vez, não é apenas um velocista e atleta de beirada. Quando deseja, sabe buscar os espaços e arquitetar os contra-ataques decisivos. Prova disso é o gol anotado contra o Juventude. É para poucos. O provocou sua súbita falta de imaginação desde o jogo com o Botafogo de Ribeirão Preto?

Uma pequena análise leva-nos a conclusão sobre a apatia dos jogadores. São capazes, inteligentes e ignoram este trunfo . Poderiam facilitar a vida do treinador, ainda envolvido com a administração de situações inconvenientes, como a presença de Fumagalli.

Está lento? Sem intensidade para antever as jogadas? Dificuldade para se deslocar pelos lados ? Tudo verdade. Hoje, o lugar de Fumagalli é no banco de reservas. Os argumentos ficaram escassos. Deixá-lo no gramado comprometerá o projeto de classificação? A resposta é única: sim.

Seu único álibi: leitura de jogo aguçada e orientação aos jogadores mais jovens. Enquanto os outros 10 titulares não entenderem que tudo não depende do treinador e algumas iniciativas devem ser adotadas , a impressão que fica é que o Guarani é formado por 10 coadjuvantes e um guru ultrapassado, mas de mente afiada. Está na hora da equipe provar de que tem múltiplas mentes e soluções.

(análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Israel Oliveira)