O que são torcedores de futebol? Simplórios dirão que são fãs do esporte mais popular do planeta. Antenados e sensíveis dirão que são heróis anônimos e a tradução do sentido da existência de uma camisa dentro do gramado todos os domingos.
São seres especiais. Tem capacidade de transmitir energia e força para garotos e homens prontos a qualquer atitude em busca da vitória, do olimpo, da consagração.
O Guarani tem vários exemplares em sua trajetória. Um deles atendia por cinco letras: Rasta. Simples, direto. Dose infinita de carisma.
Seu sorriso, otimismo, energia e positividade preenchia as arquibancadas pelo Brasil Afora. Abriu mão de tudo em busca da felicidade alheia. O sorriso genuíno do torcedor bugrino.
Rasta ou Mauricio Augusto Bergantin, de 37 anos, era a resposta pronta e acabada para compreender porque o Guarani não foi extinto, apesar de tantos dirigentes gananciosos e incompetente. Rasta, ao lado de muitos, simplesmente não deixou.
Não se pode macular uma paixão. Não há justificativa para destruir um amor infinito. Rasta tinha consciência de tal conceito e semana após semana, rodada após rodada, estava presente nas arquibancadas, nos corredores e nas ruas de Campinas para transmitir uma única mensagem aos bugrinos: não desacredite. Vai dar. É possível. Tudo vai dar certo.
Separou o ano de 2019 para seguir o Alviverde. Empurrar. Incentivar. Seus gritos e alegria ao lado de milhares fez com que jogadores limitados ao lado de um técnico novato salvassem o Guarani de um novo rebaixamento.
Os heróis de nosso tempo padecem. Sofrem. Desaparecem sem uma justificativa plausível. Rasta perdeu a vida neste dia 02 de janeiro. Uma chuva forte provocou a queda de sua moto na rodovia Ademar de Barros e em seguida foi atropelado. Apesar de socorrido não resistiu aos ferimentos.
Dor infinita aos familiares e amigos. Tristeza sem fim na torcida bugrina. Mas ele não foi derrotado. Nem desapareceu. Estará agora de longe pronto para auxiliar o Guarani de um lugar muito mais belo. Será o regente da alma bugrina. Descanse em paz.
(Elias Aredes Junior)