Uma reflexão sobre a rejeição explosiva de Osmar Loss na torcida do Guarani

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Treinador é sinônimo de polêmica. Seja qual for o resultado. No ano passado, apesar da conquista da Série A-2 e da nona colocação na Série B, Umberto Louzer sempre foi contestado no Guarani. Muitos achavam que suas decisões eram incoerentes, escalações equivocadas e muitos chegavam a pedir sua cabeça.

Aconteceu com outros treinadores vitoriosos do Guarani, como Marcelo Chamusca. Hoje, todos celebram o vice-campeonato da Série C em 2016, mas caiu no esquecimento que após a derrota para o Mogi Mirim, por 1 a 0, no dia 11 de julho de 2016, a torcida do Guarani presente no estádio Vail Chaves pediu a cabeça do treinador. Detalhe: o time estava na zona de classificação. E assim foi com Vadão, Lisca e com todos os outros que passaram no Brinco de Ouro. Existe a controvérsia e o debate. Normal.

Além dos resultados, algo prendeu estes profissionais por um período mínimo que seja: identificação com uma parcela da torcida. Mesmo com falhas no trabalho, as arquibancadas nutriam simpatia e defendiam. Fiz esta longa introdução para dizer o óbvio: por sua postura pessoal, Osmar Loss detém uma reprovação na torcida que só vi quando Tarcisio Pugliese dirigiu o time em 2014. E por culpa exclusiva dele.

Com uma diferença: Pugliese ganhou antipatia pelo estilo defensivista, algo que não combina com a história do Guarani. A rejeição de Loss é mais complexa.

Afinal, é impossível (repito: impossível!) que uma equipe entre as seis melhores campanhas do Paulistão não tenha nenhum mérito. O atual Guarani realmente jogou partidas ruins sob o ponto de vista técnico. Ou seja, os atletas não rendiam aquilo que estavam determinados a executar. Agora, quem tem entendimento de futebol percebe nitidamente o bom posicionamento defensivo e que existe sim uma dinâmica ofensiva treinada.

Se existe um defeito em Loss, não é falta de esquema tático e sim o seu excesso. É uma equipe robótica, mecânica, em que os atletas tenham a sua imaginação tolhida em nome da execução do posicionamento. Custe o que custar. Até naqueles que o Guarani jogou mal, como diante da Ferroviária. Que alias, teve o time paralisado em todas as suas jogadas graças ao posicionamento do time de Vinicius Munhoz. Se teve algo paralisado é porque existia algo treinado, correto?!Sim.

Visão diferente de futebol é algo normal. Duro é que Osmar Loss tem um comportamento pessoal que joga contra, só  acumula antipatia. Começa pelos treinamentos fechados e o distanciamento com os profissionais de mídia no cotidiano. Este jornalista ouviu relatos de colegas de imprensa que, na maioria das pessoas, o contato acontece na entrevista e só. Não dá espaço para uma conversa informal que esclareceria muito da sua metodologia de trabalho. Sem querer, coloca-se em um patamar acima dos outros. Ao esconder a escalação, ele não faz segredo e sim dificulta o trabalho da imprensa e faz com que os torcedores não tenham acesso a um direito, que é a de saber como seu time vai jogar.

Quando Loss afirma que fecha os treinos porque tem receio de que dê uma bronca mais forte e os profissionais de imprensa transformem isso em noticia é de uma demonstração cabal de imaturidade e incompreensão do trabalho da imprensa.

Loss não ajuda nada em construir uma imagem positiva quando utiliza as entrevistas coletivas pós jogo para reclamar do comportamento da torcida nos jogos. Deveria entender que, em uma última instância, é esse torcedor que paga seu salário. Se for sem violência, ele tem direito a se manifestar do jeito que bem entender. Ponto. A antipatia só aumentou por culpa exclusiva dele.

Na parte do seu trabalho, um ponto colaborou para corrosão de sua credibilidade. E não tem relação com parte técnica e tática e sim com montagem de elenco. Motivo: a exclusão da maioria dos jovens revelados pelas categorias de base. Em ultima análise, ele dá o aval para contar com esse ou aquele jogador. E a ausência de Davó e de outros garotos, mesmo que tenha motivos práticos, cai na conta do treinador.

Direto ao ponto: Loss terá muita dificuldade para atravessar o ano de 2019 no Guarani. Não pelo seu trabalho e sim porque seu comportamento pessoal infelizmente só gera distanciamento do torcedor e constrói uma rejeição que futuramente ficará intransponível. Infelizmente. (análise de Elias Aredes Junior)