Análise: Fernando Diniz e a diretoria do Guarani precisam entrar em entendimento. Para valer. Ou o fracasso é logo ali!

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Tenho um chefe metódico. Quando vai corrigir minhas publicações na entidade sindical em que trabalho há 18 anos, nunca faz sem uma caneta em punho na mão esquerda. Faz anotações e emendas. Só de caneta vermelha. Já tivemos que adiar prazo de publicação de jornais porque o departamento não tinha o apetrecho de estimação. Implicância? Loucura? Tanto faz. É a mania dele e pronto. Resta encaixar-se na metodologia.

Conceito igual deveria ser entendido pela diretoria do Guarani com Fernando Diniz. Ele não é um treinador com vários modelos de jogo. Não é alguém talhado para montar uma equipe de acordo com as características do elenco. Nada disso. O seu futebol é de movimentação, troca de posições e arremate ao gol na hora certa.

Parece existir curto circuito no caminho, de acordo com informações do parceiro e repórter Julio Nascimento, do Só Dérbi. A apuração é cristalina: os volantes Fahel e Helder, além dos atacantes Erik e Francis, não foram solicitações da comissão técnica. A diretoria nega. Afirma que tudo está sendo feito em conjunto. Apesar da negativa diretiva, existem evidências mais do que razoáveis para supor que Fernando Diniz encontra-se desconfortável.

Basta dizer que ele indicou jogadores que já tinham trabalhado com ele, como o goleiro Felipe Alves. E por que? Sua facilidade para jogar com os pés. Neste meio-tempo, Passarelli moveu mundos e fundos para convencer a nova comissão técnica de que teria capacidade para adaptar-se à metodologia de trabalho. Como dá para garantir que ele não teria dificuldade em entrosar-se com esses atletas que não estão acostumados com ele?

Repare: a culpa não é de Fernando Diniz. Ele é ótimo treinador. Com conceitos táticos modernos e antenado com aquilo que existe de moderno no futebol europeu. Só existe um empecilho: os resultados só acontecem em médio e longo prazo. Pode ocorrer o contrário e o técnico empreender uma campanha avassaladoura na Série A-2? Pode. Não é o normal.

Não há existe saída. Ou o Guarani move esforços para contratar jogadores conscientes do que deseja Fernando Diniz ou notícias e especulações sobre desencontros nas contratações serão cada vez mais corriqueiras. O passo inicial é simples: o Guarani admitir que contratou um cozinheiro especialista em cardápio internacional e não um comandante de rede de fast food.

(análise de Elias Aredes Junior- Foto de Rafael Fernandes-Guarani Press)