Alex é pontepretano. Trabalha comigo em um sindicato no qual eu presto serviço. É formado em administração e tem vasta experiência em finanças. Ama o seu clube, paga o pay per view, comparece ao estádio Moisés Lucarelli e acompanha o noticiário com atenção.
Detalhe: não é alienado. Longe disso. Quer saber de tudo. Especialmente aquilo que ocorre nos bastidores. Considera essencial a prestação de contas. Convenhamos: não é o perfil de torcedor preferido por Sérgio Carnielli, que já demonstrou por diversas vezes a aversão por cobranças. Aliás, comemora e celebra quando fica livre de figuras que lhe pressionam e cobram explicações, seja dentro no clube ou na imprensa.
Alex não está nem aí com a má vontade do presidente de honra. Ele quer saber como a Ponte Preta gasta o seu dinheiro. Quais os termos dos contratos feitos com Gilson Kleina e Eduardo Baptista, além do gerente de futebol, Gustavo Bueno. Ele quer porque quer saber por que o ex-presidente Vanderlei Pereira encheu o peito para anunciar a Macaca como um clube de finança saudável e agora depara-se com um déficit de 10 milhões de reais, sendo que quatro milhões já foram quitados pelo atual presidente.
Alex não é conselheiro da Macaca. Tem amigos com tal honraria. Estes não lhe deixaram na mão. Diariamente dirigem-se a secretaria o clube e pedem o balanço financeiro, obrigatório para ser apresentado até o dia 30 de abril, de acordo com os preceitos da Lei Pelé.
Alex e os amigos inseridos na vida social do clube querem informações. Querem esclarecimento porque tanto dinheiro que entrou não evitou um novo rebaixamento. Conselheiros captaram o desejo de Alex e de outros torcedores e encaminharam moções com pedidos de informações. Nenhum foi atendido pela atual presidência do Conselho Deliberativo.
Talvez tudo isso seria inútil não fosse por um detalhe: a reunião do Conselho Deliberativo marcado para sexta-feira é para analisar, apreciar, aprovar ou reprovar o balanço. Alex, um especialista na área, crava: não dá para fazer de qualquer jeito. Não há como pesquisar o que foi feito em 12 meses em algumas horas. Ou minutos.
Esse é o mundo normal. Na Ponte Preta, para alguns dirigentes, o torcedor parece ser um detalhe. Uma pena.
(análise feita por Elias Aredes Junior)