Desde 2003, os clubes brasileiros passaram a contar com planejamento estabilizado c0mo aliados. A implantação do Campeonato por pontos corridos na divisão de elite e em 2006 na segundona nacional fizeram com que 40 clubes soubessem que, na pior das hipóteses, teriam de 50 a 60 jogos para realizarem na temporada.
Uma oportunidade para o profissionalismo entrar pela porta da frente e cativar o torcedor a investir na sua paixão. Não só com camisas, calções e bandeiras mas com a presença assídua no estádio.
Um alicerce ganhou robustez: o programa de Sócio Torcedor. Com uma mensalidade, o fã de futebol tem privilégios ou assegura presença nos estádios. Evidente que uma hora ou outra Ponte Preta e Guarani entrariam nesta estrada. A Macaca completou 10 anos de existência do Sócio Torcedor Camisa 10 e parece que não consegue sair do patamar acima de 21 mil sócios.
O Guarani, com idas e vindas, decepciona. Não passa de 2050 sócios torcedores, o que é um resultado vexatório. O que acontece? Porque a decepção? Esta série de análises no Só Dérbi não pretende mudar a cabeça de ninguém. Quer demonstrar como não se pode analisar de modo retilíneo uma questão complexa. O que não serve para um lugar pode servir para outro.
Comecemos a analisar pelo alcance do programa.
Os grandes clubes ostentam números satisfatórios. Dos doze gigantes do futebol brasileiros, seis estão com portifólio acima de 100 mil sócios: Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Grêmio, Internacional e Atlético Mineiro.
O jornalista Rodrigo Bueno, do canal Fox Sports, executou em seu blog uma conta para averiguar qual era o tamanho das torcidas brasileiras em termos populacionais de acordo com pesquisas realizadas. (você pode ver aqui)
Ao comparar os números você chegará a conclusão que os clubes gigantes ainda tem uma longa estrada para percorrer.
Motivo: a taxa de participação no programa de Sócio Torcedor ainda é ínfima ao comparar com o tamanho de cada torcida. Confira:
Flamengo: 37.130.041 torcedores\ 21.466 sócios =. 0,0057% do total
Corinthians: 29.766.143 torcedores\ 116.460 sócios = 0,39% do total
São Paulo: 16.324. 796 torcedores\154.647 sócios= 0,94%
Palmeiras: 13.441.694 torcedores \ 130.547 sócios= 0,971%
Vasco da Gama: 8.960898 torcedores\ 20.429 sócios=0,22%
Cruzeiro: 7.363.898 torcedores\81.863 sócios=1,10%
Grêmio: 6.321.423 torcedores \ 148.498 sócios = 2,34%
Santos: 6.321.423 torcedores\ 27.027 sócios = 0,43% de participação
Internacional: 5.522.923 torcedores \ 112. 756 sócios= 2,04% de participação
Atlético Mineiro: 4.480449 torcedores \116.442=2,59% de participação
Bahia: 2.639.474 torcedores \24.696 sócios= 0,93%
Botafogo (RJ): 2.639.474 torcedores\ 23.039 sócios= 0,87% de participação
Fluminense (RJ): 2.639.474 torcedores\39.343 sócios= 1,49% de participação
Vitória (BA) : 1.840.974 torcedores\ 9229 sócios= 0,50% de participação.
A média de participação é de 1,062% de torcidas ao programa de Sócio Torcedor.
Em relação a Ponte Preta e Guarani, os resultados são discrepantes.
Para não cometermos injustiça e com base em números de pesquisas já divulgadas na cidade, definimos que existem 303600 torcedores bugrinos e igual quantidade para pontepretanos. (nos próximos posts detalharemos os números precisos da pesquisa)
Se esse número for levado em consideração, a taxa de participação da torcida pontepretana está em 5,36% e do Guarani em 0,98%. Na Ponte Preta concluímos que a participação já é muito elevada em relação as torcidas de outros estados. Ou seja, para crescer, ou tenta-se diminuir ao máximo o percentual de inadimplentes ou intensifica-se as promoções de venda de ingressos avulsos.
No Guarani, apesar de numericamente ser um resultado pífio, mesmo se o Alviverde igualar-se numericamente ao rival terá obtido uma participação expressiva mas terá chegado ao seu limite.
Só por esses números chegamos a conclusão de que a expansão do Sócio Torcedor em Campinas não é tão simples como muitos imaginam.
(Análise, dados e reportagem de autoria de Elias Aredes Junior)