Desde o inicio do ano, os torcedores de Guarani e Ponte Preta tiveram que assimilar argumentos dos técnicos Osmar Loss e Mazola Junior sobre as dificuldades de trabalho. Que seria preciso tempo e paciência para conhecer toda a metodologia e estratégia de jogo no Paulistão. Confesso que aceitava as explicações em virtude do calendário louco do futebol brasileiro, talhado para pouquíssimo tempo para treinamentos. Eis que ao assistir o clássico entre Santos e São Paulo, no estádio do Pacaembu, vi toda minha generosidade ser abalada. Ou destruída. Sou confrontado ao verificar que infelizmente os treinadores brasileiros, inclusive os atuantes no futebol campineiro precisam de reciclagem.
Vejamos Jorge Sampaoli. Foi contratado em dezembro, apresentou-se no dia 02 de janeiro e a diretoria do Santos teve imensas dificuldades para montar o elenco pedido pelo treinador. No fundo, o que restou foram atletas medianos. Veja a escalação: Vanderlei, Victor Ferraz, Luiz Felipe, Gustavo Henrique e Orinho (Copete); Alison, Diego Pituca, Carlos Sánchez e Jean Mota (Aguilar); Soteldo (Felippe Cardoso) e Derlis González. Convenhamos: está longe de ser o elenco estrelar de São Paulo, Palmeiras ou Flamengo.
Futebol de péssima qualidade? Nada disso. O que se viu contra o tricolor paulista foi uma equipe bem distribuída em campo, focada em tomar a bola já no campo ofensivo e obcecada pela linha de impedimento. Quando qualquer jogador está com a bola, existem duas ou três opções disponíveis para tramas de ataque. Sem contar a preocupação de que a bola seja tocada de pé em pé e intensidade extrema. Repito: tudo sem estrelas de ponta.
Reconheço que cada clube e elenco tem suas características. E cada clube exibe suas idiossincrasias. O Santos por exemplo, tem uma infra-estrutura infinitamente superior as de Ponte Preta e Guarani, o que facilita o trabalho de Sampaoli. Apesar disso, cabe a pergunta: porque ele consegue em 26 dias um estágio de excelência que Loss e Mazola sequem especulam ? Está aí um tema que poderia ser debatido pelos times campineiros e seus respectivos treinadores.
(análise feita por Elias Aredes Junior)