Análise: ao retornar para Ponte Preta, Jorginho coloca em jogo o legado construído em 2013

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Jorginho reassume o cargo de técnico da Ponte Preta cercado de expectativa. Torcedores exultam pela presença no banco de reservas do vice-campeão da Copa Sul-Americana de 2013. Á primeira vista, todos os problemas estão acabados. Nem tanto. Não dá para esconder a verdade. O treinador pontepretano desembarca com a missão de ressuscitar a sua carreira e deixar um saldo mais robusto em relação a sua outra trajetória.

É preciso fazer uma viagem no tempo. Mostrar os fatos como eles são. Quando foi demitido do Bahia no dia 31 de julho de 2017, Jorginho saiu do tricolor baiano com 14 jogos disputados e com o portifólio de quatro vitórias, seis derrotas e quatro empates. Um aproveitamento de 38,1%. Decepcionante.

No ano passado, duas performances com ares de trauma. No Vasco da Gama, ficou por apenas 10 partidas e com o retrospecto de quatro vitórias, um empate, cinco derrotas e 43,33% de aproveitamento. Teve uma nova chance no Ceará e permaneceu por 15 dias e colheu três derrotas. Apesar de alguns contestarem a validade dos números, o histórico de Jorginho é um alerta de que ele precisa rever conceitos e estipular a Ponte Preta como nova etapa.

Uma carreira que não apresenta a Ponte Preta como um quadro para ser emoldurado na parede, pois em 32 partidas, ao juntarmos Brasileirão e Sul-Americana, a equipe foi vice-campeã da Sul-Americana, caiu no Brasileirão de 2013 e sob o seu comando teve 36% de aproveitamento. Convenhamos, não é algo para se orgulhar.

O que justifica a loucura em torno de Jorginho? Como defender um treinador que na decisão da Sul-Americana colocou o limitado volante Magal no meio-campo e improvisou Fernando Bob na lateral esquerda para substituir Uendel? Como juntar as peças para justificar este fanatismo de alguns pontepretanos por um profissional que montou uma equipe que basicamente vivia de contra-ataques e bola parada?

Resposta em uma frase curta e direta: Jorginho fez o pontepretano sonhar. Tudo criado em três jogos. A vitoria sobre o Veléz por 2 a 0 no dia 08 de novembro de 2013 não estava nos prognósticos, assim como o triunfo por 3 a 1 sobre o São Paulo no dia 20 de novembro no Morumbi, que encaminhou a vaga a decisão. O empate por 2 a 2 em Mogi Mirim foi cumprimento de protocolo.

Não para nisso. A própria decisão contra o Lanus permitiu o alcance do Olimpo. A igualdade por 1 a 1 no Pacaembu, diante de 30 mil torcedores,  deixou o torcedor esperançoso de que a façanha poderia acontecer e ao lado de 4 mil torcedores pontepretanos nos arredores de Buenos Aires. Se foi possível vencer um dos cinco gigantes argentinos, porque não ultrapassar uma equipe de porte médio? Não deu, mas Jorginho representa essa epopeia, este sonho vivido em quase 30 dias no final de 2013.

E ao bancar com Márcio Della Volpe a busca da Sul-Americana e ter encontrado a resistência de Sérgio Carnielli, para o torcedor pontepretano, Jorginho ficou com a imagem do filho rebelde e libertador que ousou confrontar o pai conservador, autoritário e opressor.

Toda essa imagem estará em jogo a partir do instante que Jorginho sentar na cadeira do banco de reservas. Nunca uma gestão será tão acompanhada. Que tenha êxito.

(análise feita por Elias Aredes Junior)