Ponte Preta e o péssimo humor da torcida: sensações não podem tirar a racionalidade

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Logo após a derrota para o América Mineiro, ao bater um papo com a jornalista pontepretana Renata Sanches pelo Whatsapp, alertei de que o seu sofrimento poderia durar mais do que ela imagina.

Apostei que nos jogos contra Brasil de Pelotas e Vitória (BA) seria muito difícil somar seis pontos. Não descartava a hipótese de acumular um ou dois pontos ou um triunfo solitário.

Não há nenhum viés pessimista. É a realidade. Não há como fazer uma equipe jogar por música com dois jogos e poucos treinamentos. Futebol é planejamento, foco, filosofia e repetição. Não dá para fazer isso de uma hora para outra.

Exibi meu inconformismo pela má vontade do torcedor pontepretano, que vai da euforia a depressão em segundos. Apesar das evidências, por que o torcedor não tem qualquer resquício de paciência?O que motiva o azedume?  O torcedor confunde sensações construídas em longo prazo com aquilo que é viabilizado passo a passo.

Explico. Compreendo o sofrimento do torcedor pontepretano. Seu inconformismo pela ausência de poder de fogo na hora da decisão. Ele quer um título de expressão. Ponto. Não aguenta mais sofrer.

Só que as decepções colhidas, por exemplo, na final do Paulistão de 2017 ou na Sul-Americana de 2013 ocorreram depois de uma longa caminhada. Feita de vitórias, empates e derrotas doidas. Foram estradas acidentadas, mas que a a Macaca superou e credenciou-se a sonhar com a conquista. E no futebol equilibrado da atualidade, é quase impossível pensar em conquista invicta e sem dor.

A turbulência faz parte do trajeto. É por causa dessa cicatriz construída em várias decisões que o torcedor da Macaca não entende que a construção cotidiana de uma boa campanha engloba obstáculos.

No ano passado, o Sport somou míseros dois pontos nos 180 minutos iniciais. Quem era o técnico? Guto Ferreira. O mesmo que levou o time ao acesso ao final das 38 rodadas. Fica a reflexão:  como até o Campeonato Paulista João Brigatti e a sua comissão técnica eram os melhores para a torcida e agora são cercados de desconfiança? Qual a garantia de que a Macaca vai arrebentar com a troca de Comissão Técnica? Nenhuma. Delírio puro.

Qual o critério? Como construir trabalho de qualidade com o espectro da demissão sendo mantra para torcida e até para parte da imprensa? O futebol mudou. Quem não compreender ficará no passado. É o que desejamos é a Ponte Preta na vanguarda. E na condução do seu futuro. Sem empirismo e improvisações.

(Elias Aredes Junior- Foto:  Carlos Insaurriaga/Grêmio Esportivo Brasil)