O Guarani quer o torcedor dentro do estádio Brinco de Ouro? Ou o fanatismo por economia vai prevalecer?

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Em meados de 2008, no auge da crise econômica mundial, o ex-ministro e deputado federal Delfim Netto afirmou algo interessante:  sair da crise era uma questão de postura. De tanto falar e acreditar, algo diferente ocorreria. Estamos em 2017 e vivemos o lado reverso. Propagar o pessimismo, adotar a ousadia virou palavrão e sinônimo de loucura. Você pode perguntar: o que esta introdução está em um site sobre futebol e especificamente sobre o Guarani? Pois é. A decisão de fechar o portão principal do Estádio Brinco de Ouro para economia de custos comprova a decisão bugrina de abrir mão da criatividade e partir para a economia benéfica em curto prazo e asfixiante em longo período.

Para começar, o óbvio: o Guarani precisa de dinheiro. De todos os lados. Tem que  arrecadar para formar times fortes e pagar suas dividas. Qual seria a medida natural? Encontrar formas para atrair o público ao Brinco de Ouro. Fazer parcerias com empresas privadas e fomentar o consumo e a geração de divisas. Nada disso é feito. Com essa medida de restringir o acesso, bem ou mal, a diretoria transmite o recado: “Se você quer sentar apenas neste setor, esqueça. Fique em casa”. Convenhamos: uma medida maluca devido a concorrência da televisão por assinatura.

Uma resolução incompreensível pois quebra uma sequência de crescimento de média de público. Em 2014, com os mandos de jogos longe de Campinas, o resultado foi pífio, com 1690 pagantes de média por jogo na temporada. No ano seguinte, a Série A-2 e a terceirona geraram uma média de 3198 pagantes por jogo.

O ano de 2016 parecia a retomada da ocupação do Brinco de Ouro. Além da média de 4090 por jogo, o clube registrou dois públicos relevantes: nas quartas de final contra o ASA de Arapiraca, o estádio alviverde registrou 12713 pagantes. A vitória por 3 a 0 teve o combustível decisivo das arquibancas. Na final contra o Boa Esporte por 1 a 1, o borderô cravou 16.749 pagantes.

Não seria o momento de investir para cativar uma parte deste público? O torcedor não pode ser uma fonte de recursos? Nada disso. O Guarani, às voltas com brigas de bastidores e disputas de poder, parece não querer acreditar no seu próprio torcedor como fonte de arrecadação. Deseja, isso sim, levar uma vida medíana e deixar o torcedor do lado de fora neste processo de reconstrução.

(análise feita por Elias Aredes Junior)