A crise bateu na porta. Onde está o presidente da Ponte Preta?

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O Brasil é um país latino. Com virtudes, defeitos e características inerentes a tais locais. Somos um povo apreciador de condutores personalistas, caudilhos, capazes de contatos com a massa e perspicazes em indicar novos tempos, mesmo na adversidade.

O mundo do futebol não foge a tal regra. Os presidentes mais conhecidos e amados nos clubes brasileiros foram aqueles que praticamente não saíam do vestiário, incapazes de deixar escapar qualquer detalhe ou falha desde o roupeiro até o técnico bem pago.

Foi assim que Juvenal Juvêncio conduziu o São Paulo a um tricampeonato nacional de 2006 a 2008. Tal estratégia foi preponderante para Márcio Braga marcar época no Flamengo e Francisco Horta no Fluminense. Foi essa postura que arregimentou fãs para Andrez Sanchéz, protagonista de um processo que transformou o Corinthians em uma potência mundial .

Faço este longo preâmbulo para fazer uma pergunta: onde está o presidente da Ponte Preta Vanderlei Pereira? Ninguém contesta sua capacidade administrativa, sua tenacidade em viabilizar bons resultados financeiros. Sua fidelidade ao projeto político do presidente de honra Sérgio Carnielli é de se elogiar pois isto foi responsável por deixar clube estável tanto políticamente como também nos bastidores, apesar dos períodos de tempestades.

Dessa vez, o quadro é grave. A Ponte Preta está em crise. Tem a ameaça do rebaixamento no horizonte. Não pode vacilar. Precisa somar pontos contra Red Bull, Corinthians, Água Santa e Rio Claro. A torcida está apreensiva, decepcionada e inconformada com a campanha ruim.

Neste momento, mesmo que fique submetido aos xingamentos e insultos dos torcedores, o presidente Vanderlei Pereira precisa vir a público e fazer uma análise do quadro, reforçar a confiança no técnico, comissão técnica e jogadores e se possível lançar um plano de mobilização capaz de atrair os torcedores aos locais dos jogos decisivos. Pela lei e pelo estatuto ele é condutor. Chefe de governo e chefe de Estado pontepretano.

Você pode alegar que tal tarefa pode ser exercida pelo presidente de honra, Sérgio Carnielli ou pelo vice-presidente Giovanni Di Marzio, Nada disso. O quadro está em tal ebulição que somente quem representa de fato e de direito o poder supremo na Macaca tem condições de estabelecer um norte, uma orientação. Só Vanderlei Pereira pode dar uma demonstração cabal de comando e explicar aos torcedores que não há minima chance do desastre do rebaixamento bater a porta.

Só o presidente pontepretano, sem revelar estratégias que comprometam o planejamento futuro, pode ser claro e cristalino sobre os planos da diretoria para evitar um sobressalto desagradável no Campeonato Brasileiro.

O futebol é palco para construções de líderes históricos ou de quadros calcados apenas em suportar a normalidade. A Macaca quer e precisa agora, antes de tudo, de um estadista, alguém capaz de tomar o leme do barco e conduzir a tripulação para águas tranquilas. Este papel só pode ser exercido por Wanderley Pereira. Tomara que ele cumpra a missão com louvor. Caso contrário, dias de turbulência virão no Majestoso.

(Análise feita por Elias Aredes Junior- Foto de Fabio Lione-Pontepress)