Entrevista no Guarani? Só com figurinha carimbada. E com tudo sob controle!

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Existem alguns conceitos e resoluções que clube nenhum de futebol conta para você. Nem vai contar. É preciso deixar tudo sob controle, evitar que notícias negativas sejam espalhadas como vento e colocar sempre um espírito ufanista. Entorpecer o torcedor é palavra de ordem. Em outras ocasiões, a meta é simplesmente evitar um clima de constrangimento. Pegue este conceito e aplique ao Guarani, cujo diretoria resolveu aplicar um novo conceito, o de “liberdade de imprensa vigiada”. Ou seja, você pode fazer a pergunta que quiser desde que eu não fique chateado.

Por vezes eu pensei que a meta era apenas o controle da informação. Em outras imaginei que era para prejudicar esta ou aquela empresa de comunicação. Agora que estamos as portas do encerramento da fase classificatória da Série A-2, ouso dizer que o motivo até da instituição da greve de silêncio é mais profundo: bloquear a revelação de que o grupo não tem uma personalidade capaz de administrar pressão e criticas de torcedores e da imprensa.

Veja: o Alviverde tem 28 jogadores no elenco profissional. Todos inscritos no Campeonato Paulista. Alguns com experiência em viver bons instantes, como o lateral-direito Oziel, vice campeão paulista com o próprio Guarani em 2012. Ou o atacante Flávio Caça Rato, protagonista de várias reportagens em emissoras de televisão quando atuava no Santa Cruz (PE). Agora, tudo rareou. Veja: não falo de um atleta tímida e sim de um conhecido “falador” como Caça Rato.

Todas as declarações ficam em cima de três jogadores: Fumagalli, Thiago Carpini e Pegorari. São os responsáveis invariavelmente de dar explicações após vitórias, empates e derrotas. Participam das entrevistas coletivas antes dos treinos. O restante? Alguns aparecem esporadicamente, outros nem isso. Todo o processo é conduzido para que esses três jogadores falem, ninguém mais. Não, nunca culpe a assessoria de imprensa. Tais profissionais apenas cumprem ordens. Que às vezes pecam pela incoerência.

Expostos á exaustão, tais jogadores por vezes ficam sem discurso, sem ter o que dizer. Para alguém, como eu, que aprecia a liberdade de expressão ampla, geral e irrestrita e convivi no modelo antigo de relacionamento dos clubes com a imprensa é muito chato perceber que alguns dirigentes consideram a censura ou o controle da informação como trunfo na conquista das vitórias.

E colocar a responsabilidade apenas sob estes três personagens, além do técnico Pintado, mais revela do que esconde sobre a atual situação do Guarani na Série A-2 do Campeonato Paulista.

(análise feita por Elias Aredes Junior-foto de Rodrigo Villalba -Memory Press)